A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande revogou as prisões preventivas de Patrick Abrahão Santos Silva, Ivonélio Abrahão da Silva, Diorge Roberto de Araújo Chaves, Fabiano Lorite de Lima e Diego Ribeiro Chaves. Eles estavam presos desde 19 de outubro do ano passado, quando a PF (Polícia Federal) deflagrou a operação “La Casa de Papel”, cujo fio da meada foi a apreensão de esmeraldas em Mato Grosso do Sul. Conforme a investigação, a organização criminosa é suspeita de fazer 1,3 milhão de vítimas em esquema transnacional de pirâmide de criptoativos. Na tarde de ontem (dia 7), o músico Patrick (esposo da cantora Perlla), Ivonélio (pai de Patrick) e Diorge foram interrogados. Pai e filho estão no Rio de Janeiro, enquanto Diorge está na penitenciária Gameleira 2, conhecida como Federalzinha, em Campo Grande. Na audiência, a defesa de Patrick e Ivonélio adiantou que pediria a liberdade provisória dos clientes e os questionou se trocariam a cadeia por medidas cautelares. “Se tiver que colocar uma tornozeleira no meu pescoço, eu aceito”, disse Patrick. Mas, ele vai sair da cadeia sem monitoramento eletrônico. De acordo com a investigação, Patrick e pai estão entre os “cabeças” do esquema que operava em pelo menos 80 países, com movimentação de valores equivalente a R$ 124,3 milhões. Ao final dos trabalhos, por volta de 20h30, a juíza Júlia Cavalcante Silva Barbosa revogou as prisões e determinou o cumprimento das seguintes medidas cautelares: comparecimento em juízo, proibição de deixar o País sem autorização legal, proibição de mudar de residência, proibição de se ausentar da comarca por mais de oito dias sem autorização e proibição de manter contato com os demais réus e investigados. Nesta última exigência, as exceções são os contatos entre Diego e Diorge e entre Ivonélio e Patrick, devido a parentesco. “Assim, entendo que a manutenção da prisão preventiva, para além da presente fase processual, afigura-se desproporcional, restando os riscos à ordem pública, econômica e social, bem como a necessidade de garantir a aplicação da lei penal - que permanecem presentes,- suficientemente garantidos por medidas cautelares de menor gravidade, recordando que os acusados estão presos há quase 10 (dez) meses”, informa a decisão. “A decisão da magistrada foi assertiva, tendo em vista que os réus já se encontravam presos há quase um ano e não mais oferecem risco à instrução processual ou ainda de reiteração criminosa”, afirma a advogada Talesca Campara de Souza, que atua na defesa da empresa Trust Investing e é especializada em crimes financeiros envolvendo criptoativos. Finalizada a etapa de audiência, as defesas aguardam resposta da PF se as investigações foram encerradas e os prazos para as diligências finais. Pirâmide - Conforme a “La Casa de Papel”, o grupo seria especializado na captação de recursos financeiros de terceiros, a pretexto de gerir os respectivos investimentos, apesar de não possuírem autorização para funcionar como instituição financeira. A investigação da Polícia Federal reporta o caminho dos investimentos. Primeiro, a pessoa se cadastrava no site da Trust Investing, que ofertava planos de 15 dólares a cem mil dólares. Com o cadastro, era gerada uma wallet (carteira) para o investidor, que seria usada para comprar e receber em criptoativos. Paga-se o plano com o token (espécie de criptomoeda), que flutua na proporção de 1x1 com o dólar americano. Do total investido, 60% irão para investimentos em trading (operações de compra e venda), criptomoedas e compra de outros ativos. Os outros 40% serão para expansão da Trust, com cotas diárias disponibilizadas para saques. Além disso, após um ano de investimento, o grupo orienta a investir o dobro do capital inicial ou renovar com o mesmo valor. Há também a opção de trazer novos investidores e aquele que convidar essas pessoas ganha comissão pelas indicações. Contudo, os recursos seriam desviados para aquisição de bens de luxo. Receba as principais notícias do Estado pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .