Produtores de soja de Mato Grosso do Sul comercializaram apenas 22,3% da safra 2025/2026 até 15 de dezembro, segundo levantamento da Granos Corretora. O índice representa queda de 10,5 pontos percentuais em relação ao mesmo período da safra anterior. Os dados integram o boletim semanal divulgado pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho). O cenário ocorre mesmo com a safra em estágio considerado favorável no Estado. O plantio foi concluído em 13 semanas, uma semana antes da média dos últimos cinco anos. Do total das lavouras acompanhadas, 85,7% estão em boas condições, 12% em condição regular e 2,3% em situação ruim. A estimativa inicial aponta produção de 15,195 milhões de toneladas na safra 2025/2026. A produtividade média projetada é de 52,82 sacas por hectare, baseada na média histórica da entidade. A área cultivada segue em expansão e alcança 4,794 milhões de hectares, crescimento de 5,9% sobre o ciclo anterior. Mesmo com esse quadro, os preços da soja recuaram no mercado interno de Mato Grosso do Sul. A saca de 60 quilos fechou o dia 15 de dezembro cotada, em média, a R$ 124,69. O valor representa desvalorização nominal de 7,42% em relação ao mesmo período de 2024. A maior queda no período ocorreu em Chapadão do Sul, onde a saca registrou retração de 1,60%. Em municípios como Campo Grande, Dourados e Maracaju, as cotações oscilaram pouco ao longo do mês. O boletim ressalta que os valores médios não indicam, necessariamente, preços de negócios efetivados. No mercado externo, o movimento também foi de baixa. Na Bolsa de Chicago, todos os contratos futuros da soja acompanhados até 15 de dezembro fecharam em queda. O contrato para janeiro de 2026 foi cotado a US$ 10,71 por bushel, com desvalorização de 1,47% no período. O relatório também aponta influência do clima nas decisões de comercialização. O prognóstico para dezembro, janeiro e fevereiro indica volumes de chuva entre 400 e 800 milímetros, com distribuição irregular em Mato Grosso do Sul. Técnicos alertam que o trimestre coincide com a fase reprodutiva da soja, considerada decisiva para a produtividade. Dados do Índice Padronizado de Precipitação mostram intensificação da seca nas regiões norte e no Bolsão. Nessas áreas, os indicadores apontam déficit hídrico em escalas de curto e médio prazo. Em contraste, parte do Centro-Sul e do Pantanal registra volumes próximos ou acima da média histórica.