Não se equivoquem, a história da humanidade é a do mau cheiro corporal. Durante milênios, com raras exceções, o homo sapiens desprezou os cuidados com os odores corporais. O hoje famoso "cecê", o mau cheiro nas axilas era norma em todas as sociedades. Como também era regra o "bafo de onça", os maus odores bucais. A grande revolução da higiene corporal. No final do século XIX, os Estados Unidos vivenciaram o que podemos descrever como uma revolução da higiene. Os moradores das cidades - e somente eles - até então desconfiados do banho, como seus colegas europeus, passaram a apreciar banhos de chuveiro e escovas de dentes. Ambos já existiam, mas não tinham muitos adeptos. Essa é mais uma história do marketing. Nesse caso, um marketing voltado para as mulheres. Algumas jogadas de propaganda exploraram a insegurança feminina no campo da beleza e da atratividade. E tiveram imenso sucesso. Xô cecê: o primeiro desodorante. O primeiro desodorante foi inventado na Filadélfia em 1.888. Comercializado com o nome fantasia "Mum", evocava o silêncio, o fim de comentários sobre o mau cheiro corporal. Era um creme bastante gorduroso para ser aplicado nas axilas. Logo a seguir, veio outro com nome "Odo-Ro-No". O marketing agiu para convencer as mulheres norte-americanas que elas cheiravam mal e que ninguém lhes falava a verdade. Venderam muito. "Sempre dama de honra, nunca noiva". As primeiras tentativas de criar a dupla escova de dente e pasta dental remontam à Roma, ao Egito e ao mundo árabe antigos. Mas nunca tiveram popularidade. Uma propaganda de 1.930, do antisséptico bucal Listerine, trazia o slogan "Sempre dama de honra, mas nunca noiva", afirmando que as mulheres poderiam ficar eternamente na "prateleira" por causa do "bafo de onça", a halitose que quase todas tinham. O complemento dessa propaganda também mostra outra faceta daqueles tempos, recentemente quebrada: "enquanto seus aniversários se aproximam da trágica marca dos trinta anos". Funcionou ainda melhor que a propaganda dos desodorantes. Vendeu tudo que produzia.