Os empregados dos Correios rejeitaram a proposta de acordo coletivo em votação nacional e levaram a definição do novo texto ao TST (Tribunal Superior do Trabalho), após assembleias realizadas em todo o país. A maioria das entidades sindicais não aprovou a proposta apresentada pela empresa durante a mediação conduzida pelo tribunal. O resultado nacional mostrou divisão entre os sindicatos. Segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (24), 18 entidades rejeitaram a proposta, enquanto outras 16 aprovaram o texto negociado. Com a falta de consenso, o impasse foi encaminhado para decisão do TST, que agora vai definir as cláusulas do novo acordo coletivo. Diante do risco de paralisação durante o período de fim de ano, o presidente do TST, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, colocou a SDC (Seção Especializada em Dissídios Coletivos) em prontidão. O tribunal informou que a medida busca evitar prejuízos à prestação de serviços em um período considerado sensível para o país. A análise do caso pode ocorrer mesmo durante o recesso do Judiciário. Antes das assembleias, a direção dos Correios alertou para os impactos de uma eventual greve. Em vídeo divulgado aos funcionários, a diretora de Gestão de Pessoas da estatal, Natália Mota, afirmou que a paralisação traria riscos à operação e à recuperação financeira da empresa. Segundo ela, a proposta apresentada refletiu os limites econômicos atuais da estatal. Em Mato Grosso do Sul, a decisão seguiu caminho oposto ao da maioria do país. Os trabalhadores aprovaram a proposta em assembleia realizada na terça-feira (23), após avaliação do cenário financeiro dos Correios. Com isso, não haverá paralisação no Estado e as agências seguem abertas. O acordo aprovado pelos funcionários sul-mato-grossenses da estatal prevê reajuste salarial de 5,13%, com aplicação a partir de abril de 2026 e pagamento retroativo a janeiro do mesmo ano. A data-base da categoria é 1º de agosto, o que gera perda acumulada no período anterior ao reajuste. O texto estabelece validade de dois anos para o novo acordo coletivo. A proposta também altera regras de jornada e benefícios dos empregados dos Correios. Entre os principais pontos estão o fim do ponto por exceção para carteiros e o encerramento do pagamento de hora extra tripla em domingos e feriados, que passa a seguir o adicional de 100%. O acordo mantém o adicional de 70% sobre as férias, percentual acima do mínimo previsto em lei. Ao Campo Grande News , o presidente do Sintect (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios, Telégrafos e Similares de Mato Grosso do Sul), Wilton dos Santos Lopes, afirmou que a decisão considerou a situação financeira da estatal. Segundo ele, a proposta apresenta perdas, mas foi considerada a alternativa possível no momento. A ata da assembleia deve ser formalizada pelo sindicato nos próximos dias.
