<P> </P> <P>Como diria o barbeiro João Pina, em meio à Revolta dos Canjicas, no Alienista de Machado de Assis, o que importa agora é saber de que lado estamos. Sabendo-se disso, diante da possibilidade concreta de um novo governo, não podemos errar na bajulação.</P> <P>E a quem devemos bajular, em nome da democracia, da sanidade da política e da economia, das bolsas, do câmbio e da moralidade geral? Alguns já estão bajulando o deputado Mendonça Filho, que cresceu muito nos últimos dias.</P> <P>O brilhante Mendonça Filho é o PFL redivivo, em seus melhores momentos, e por isso desalojou Zé Agripino da liderança do processo dos que pretendem "eleger" um novo governo.</P> <P>O PFL é um dos protagonistas da tentativa de impeachment, pela perseverança, pela coerência com seu passado e pela presença altaneira de seus líderes em entrevistas para TV, rádio e jornais.</P> <P>Quando os tucanos se afastaram da ideia, por constrangimento, os pefelistas assumiram com afinco a condução do processo. Nunca antes os líderes do PFL deram tanta entrevista. E nunca um líder-cantor com a expressão política de um Lobão foi tão entrevistado.</P> <P>João Pina se divertiria com o cenário pré-golpe no Brasil do Mendonça Filho, do Zé Agripino, do Caiado e do Lobão. </P> <P>O golpe de 64 foi legitimado pela convocação do que a direita tinha de melhor. Dizem, os que viveram o começo da ditadura, que era impossível combater uma estrutura sustentada pelo brilho de Bulhões, Roberto Campos, Simonsen, Delfim Netto. Os golpistas de 64 escolheram os melhores e os transformaram em adesistas do primeiro time.</P> <P>Hoje, João Pina teria que escolher entre os piores. A quem, afinal, devemos bajular, além do Mendoncinha e do Zé Agripino? De quem dependerá nossa sobrevivência e nossa prosperidade nos próximos anos? Do Bolsonaro? Do Feliciano?</P> <P>Estou voltando de férias, ainda desorientado. De quem devo me aproximar, para que meu futuro não seja comprometido por um passo em falso? Quem é nossa referência ética, além de Eduardo Cunha? Com quem me socorro para não cometer os enganos dos personagens da Revolta dos Canjicas?</P> <P>Um dia, quem sabe daqui a pouco, nos veremos, já distanciados dos fatos, como figuras de Machado. Bons farsantes são os que, como o doutor Bacamarte, acabam convencidos pela própria farsa.</P> <P>Cada época tem o João Pina e a Revolta dos Canjicas que merece.</P> <P><BR><STRONG> <STRONG>Leia outras colunas de Moisés Mendes</STRONG> </STRONG></P>