Na manhã desta quinta-feira, agentes da Secretaria Municipal de Saúde, via Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde, pulverizaram inseticida em uma região do bairro Santana. A ação faz parte do combate ao mosquito Aedes aegypti na área, onde há uma pessoa com suspeita de zika vírus. É primeira vez que uma ação preventiva tem como foco a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti na Capital.
A mulher de 33 anos é moradora de Niterói, no Rio de Janeiro, e está na Capital visitando parentes. Ela apresentou manchas avermelhadas, conceira e mal-estar, sintomas do vírus, no último domingo e foi encaminhada para o Hospital São Lucas da PUCRS. A Secretaria Municipal da Saúde foi notificada nesta quarta-feira e já realizou o primeiro exame na paciente para confirmar se o caso se trata de dengue ou zika. Dependendo do resultado, ela deve fazer uma nova coleta na segunda-feira.
— Ela está em casa e foi orientada a usar repelente e aparelhos de combate a mosquitos na residência. Pedimos, também, que, na medida do possível, ela fique em casa — relatou a enfermeira responsável técnica pela vigilância epidiomiológica de dengue, chikungunya e zika de Porto Alegre, Adelaide Pustai.
Logo após a notificação da suspeita, a Vigilância em Saúde iniciou a ação de combate ao mosquito.
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— Estamos fazendo aplicação de inseticida em um raio de 50 metros de distância da residência onde está a paciente com suspeita de zika vírus ou dengue. Nós não sabemos ainda, mas pode ser zika pelos sintomas que ela apresentou — explicou o veterinário da Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde Luiz Felipe Kunz Junior.
O bloqueio foi realizado em cerca de 30 imóveis das ruas São Luís, Monsenhor Veras e Veador Porto. Os aplicadores pulverizaram pátios e fachadas de casas e prédios.
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Fábio Smaniotto, morador e proprietário de um estabelecimento comercial da Rua São Luís, foi surpreendido pela operação. Sem saber do caso suspeito na região, ele estranhou a movimentação pela manhã e foi buscar informações. Após ouvir as orientações dos agentes de saúde, ele abriu a parte externa do seu comércio para aplicação do inseticida:
— Isso é um ato que toda a população deveria fazer. Prevenção nunca é demais. E com a chegada do verão, a tendência é que o mosquito se prolifere ainda mais.
Informado sobre o surto de zika vírus em outras áreas do país, o morador Paulo Henrique da Silva Neves também abriu as portas de casa para os aplicadores. Além de permitir a entrada da equipe, Paulo toma cuidado para evitar criadouros do mosquito.
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— Já tenho essa consciência de não deixar poça d'água. Não podemos deixar que isso perca o controle.
Hoje, o bairro Vila Ipiranga, na Zona Norte é o que tem mais infestação do mosquito. De acordo com o veterinário Luiz Felipe, até a quarta-feira foram realizadas mais de 20 capturas nas armadilhas do bairro.
A confirmação ou não do primeiro caso de zika vírus de Porto Alegre ficará apenas para 2016. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o laboratório referência para a análise das amostras é o Instituto Evandro Chagas, no Pará. Por essa razão, o resultado deve sair apenas em alguns meses.
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Em 2015, Porto Alegre registrou 17 casos autóctones de dengue, conforme a Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde. A última ocorrência foi em maio. Desde então, as autoridades trabalham no combate ao Aedes aegypti através do trabalho de agentes de saúde e uso de armadilhas. Ao todo, são 795 armadilhas espalhadas por 25 bairros. É através delas, que a Vigilância controla os bairros com maior infestação do mosquito, o que varia a cada semana.
A operação realizada nesta quinta-feira no bairro Santana teve como objetivo combater a transmissão viral:
— Aqui não tem o vírus, mas ele vai vir com as pessoas — afirmou Luiz Felipe.
A Vigilância só deve fazer novas aplicações de inseticida em locais próximos de onde vivem pacientes com suspeita de zika vírus e onde houver casos confirmados de dengue.
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— A aplicação não está relacionada só a presença do mosquito — disse Luiz Felipe, explicando que o foco são as áreas onde há circulação do vírus.
Como o inseticida só age contra mosquitos adultos, a partir de sexta-feira, agentes de saúde devem visitar o bairro Santana para eliminação dos criadouros.
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Anunciado na quarta-feira, um comitê intersetorial deve discutir medidas de combate ao Aedes aegypti. Formado por 13 secretarias e da Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs). Na sexta-feira, o grupo deve se encontrar pela primeira vez:
— O envolvimento de todos é fundamental para evitar a chegada do zika vírus no Rio Grande do Sul — falou o secretário da Saúde João Gabbardo.
O secretário pediu aos prefeitos que, nas próximas duas semanas, mobilizem todo o maquinário das prefeituras para limpar ruas, terrenos baldios e lixo, locais propícios para a formação de criadouros do mosquito. Paralelo a isso, a Secretaria da Saúde treinará agentes dos municípios para iniciar as visitas domiciliares, que este ano deverão contar com o reforço do Exército, que vai auxiliar as equipes de vigilância no acesso às residências e na identificação dos focos da dengue.
*Zero Hora e Rádio Gaúcha