A Otan convidou nesta quarta-feira Montenegro a se unir à Aliança militar liderada pelos Estados Unidos, desafiando as advertências de Moscou sobre a expansão da organização para o leste.
Esta decisão história foi aprovada por unanimidade pelos 28 chefes de diplomacia da organização, durante uma reunião em Bruxelas.
Montenegro se converterá, dentro de 18 meses a dois anos, no 29º membro da Aliança, criada no começo da Guerra Fria e que mantém relações tensas com a Rússia desde a crise ucraniana em 2013.
"A porta da Otan está aberta, esta é a prova", declarou o secretário geral da Aliança, Jens Stoltenberg. "Não se trata da Rússia. Esta decisão não foi tomada contra ninguém", indicou.
"A Otan é uma aliança defensiva que existe há 70 anos. Ela não ameaça ninguém. Não é uma organização ofensiva e não está posicionada contra a Rússia", disse, em Bruxelas, o secretário de Estado americano John Kerry.
A Rússia denunciou em várias ocasiões a perspectiva de uma ampliação da Otan nos Bálcãs, o que considera um avanço em sua esfera de influência e inclusive uma "provocação", como lamentou o chanceler russo Serguei Lavrov em 2014.
"Moscou já declarou que a contínua expansão da Otan neste solo podem levar a ocasiões recíprocas do lado russo, respondendo ao interesse de nossa segurança", comentou, nesta quarta-feira, Dimitri Peskov, porta-voz do Kremelin.
A Rússia já havia advertido Montenegro sobre "as possíveis consequências que implicaria um ingresso de Podgorica (sua capital) à Aliança".
"Aderir à Otan é uma questão relevante de interesse nacional", respondeu o primeiro-ministro montenegrino Milo Djukanovic em uma recepção solene organizada em Podgorica para comemorar a decisão tomada em Bruxelas.
"A adesão de Montenegro é uma poderosa contribuição à estabilidade e à segurança da região", estimou o dirigente desta pequena República de 630 mil habitantes.
O país autoproclamou sua independência em 2006, poucos anos depois do sangrento fim da Iugoslávia, encerrando, assim, sua união com a Sérvia, aliada de Moscou.
Suas forças armadas contam com 2 mil soldados e, desde 2010, contribuiu com o envio de 25 militares à missão da Otan no Afeganistão.
A Rússia foi, tradicionalmente, um aliando próximo a Montenegro, milhares de russos vivem neste país, mas as relações se degradaram desde que Podgorica se juntou às sanções da União Europeia contra ela e Ucrânia.
O país agora está dividido sobre a adesão à Aliança. Segundo uma pesquisa realizada no início de outubro, 50,2% da população está a favor e 49,9% contra.
Recentemente foram produzidas várias manifestações violentas contra a adesão à Aliança transatlântica.
O chefe da oposição socialista, Srdjan Milic, que advoga por um referendo sobre o tema, qualificou o convite da Otan como um "ato de agressão direto contra a paz, a instabilidade e a segurança de nossos cidadãos".
A última ampliação da organização foi feita em 2009, quando Croácia e Albânia se incorporaram à Aliança dos países da Península Balcânica.
A adesão de Montenegro será efetiva quando terminarem as negociações, no começo de 2016, e os Parlamentos nacionais dos 28 membros ratifiquem a decisão.
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