A Rússia tem o direito de não aplicar as decisões da Corte Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) se forem contrárias à Constituição russa - segundo uma lei aprovada nesta terça-feira pela Duma (Parlamento), preparando sua recusa a reembolsar os ex-acionistas do grupo Yukos.
Adotada em primeira leitura por 434 votos sobre 438 deputados da Câmara Baixa do Parlamento, essa lei situa a autoridade do Tribunal Constitucional russo acima da CEDH, o órgão judicial do Conselho da Europa.
"É algo problemático", comentou Daniel Holtgen, porta-voz do secretário-geral do Conselho europeu, Thorbjorn Jagland, em Estrasburgo (França).
Ele destacou, porém, que essa votação não constitui ainda a adoção definitiva da lei.
Em julho passado, o Conselho Europeu já havia manifestado suas "interrogações e preocupações", depois que a mais alta instância jurídica russa destacou a primazia de suas decisões sobre as da CEDH.
A lei aprovada nesta terça-feira pelos deputados russos vai no mesmo sentido. Segundo os termos do texto, a Rússia não deverá aplicar as decisões da CEDH. Entre elas, a que determina o pagamento de 1,9 bilhão de euros a ex-acionistas do grupo petroleiro Yukos, do oligarca e opositor ao Kremlin Mikhail Khodorkovski, desmantelado por fraude fiscal em 2004.
No final de outubro, a Duma adotou uma lei que permite à Rússia embargar todos os ativos de Estados estrangeiros em seu território, aplicando "o princípio de reciprocidade".
gtf-ab/yo/pjl/tt/lr