Augusto de Sousa, DCM
O vereador bolsonarista Genilson Costa (Republicanos), presidente da Câmara de Boa Vista, em Roraima, foi preso na última quarta-feira (18) durante a Operação Martellus, da Polícia Federal (PF). O parlamentar é acusado de liderar um esquema de compra de votos financiado pelo tráfico de drogas, que teria movimentado cerca de R$ 1 milhão para a reeleição nas eleições de 2024.
As investigações revelaram que Genilson utilizava grupos de WhatsApp para gerenciar o esquema, com destaque para o grupo “Os Top 100”. Nele, eleitores recebiam entre R$ 100 e R$ 150 em troca de votos, e despesas diversas eram registradas e organizadas. Entre os gastos listados estão R$ 510 para cervejas em uma reunião política, R$ 4 mil para um pastor evangélico e R$ 500 para quimonos de um projeto social de jiu-jitsu.
Além de Genilson, outras 12 pessoas foram alvos de mandados de prisão, incluindo o subcomandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Francisco das Chagas Lisboa, e a chefe de gabinete do vereador, Michelle Parnaíba.
Segundo a PF, Michelle criava as planilhas que detalhavam os pagamentos e coordenava a distribuição de dinheiro em mais de 50 locais. Sua relação com o esquema também envolvia a ajuda de seu marido, Ricardo Loureto, responsável pela prestação de contas da campanha.
A esposa de Genilson, Natalie Guimarães, policial civil, também teve um mandado de prisão expedido, mas permanece foragida. Já a irmã do vereador foi presa sob suspeita de atuar na organização financeira do esquema.
As investigações indicam que o bolsonarista utilizava o tráfico de drogas como fonte de recursos para a compra de votos e outras atividades ilícitas. Em outubro deste ano, a PF prendeu em flagrante integrantes de sua campanha que estavam distribuindo dinheiro em troca de votos. Na ocasião, o vereador também foi detido, mas foi liberado após habeas corpus.
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O esquema envolvia o envio de comprovantes de pagamento no grupo de WhatsApp, além de diálogos que apontam a cumplicidade de agentes públicos. O coronel Francisco Lisboa, por exemplo, teria informado Genilson sobre denúncias recebidas pela PM, violando o sigilo das investigações.
Reeleito com 3.744 votos, Genilson Costa segue para seu terceiro mandato consecutivo como vereador, sendo um dos mais votados nas últimas eleições. Apesar disso, o caso levanta questionamentos sobre a integridade de seu mandato e o impacto de suas ações na política de Boa Vista.
A defesa do vereador classificou sua prisão como “arbitrária e injusta”. A Polícia Militar informou estar acompanhando o caso e afirmou que tomará as medidas cabíveis após a conclusão das investigações.
Os envolvidos poderão ser indiciados por corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro, associação criminosa, transporte ilegal de eleitores, violação de sigilo funcional, entre outros crimes.
A decisão que decretou a prisão temporária do Vereador Genilson é arbitrária, injusta e ilegal. Não há fatos novos que justifiquem essa nova prisão e a nova busca e apreensão. A defesa confia que o Tribunal Regional Eleitoral, assim como fez na outra ocasião, corrigirá essa injustiça.
A Polícia Militar de Roraima (PMRR) informa que, na manhã desta quarta-feira (18), tomou conhecimento da Operação Martellus, conduzida pelo Departamento de Polícia Federal, que apura a prática de crimes eleitorais relacionados ao pleito de 2024.
Entre os envolvidos, consta o nome de um membro da Corporação, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas. A PMRR está acompanhando o caso de perto e reforça ser a maior interessada no total esclarecimento dos fatos que motivaram a operação, sempre respeitando os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
A PMRR reafirma seu compromisso com o cumprimento das leis, com os direitos e deveres estabelecidos, valores que norteiam a conduta de todos os seus integrantes e sendo seguida rigorosamente pela Instituição.
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