Jair Bolsonaro se entrincheirou no Palácio da Alvorada, depois de perder a eleição, para conspirar dali, e não de dentro do Planalto, contra a posse de Lula.
Mas sabia que, se vacilasse, seria abandonado. O Alvorada era mais confortável para tramar o golpe. E tudo deu errado.
O roteiro é uma sucessão de erros e covardias. Bolsonaro não conseguiu sabotar a eleição no Nordeste com a ajuda da Polícia Rodoviária Federal e não teve liderança para acionar os manés e provocar o caos no dia da votação.
Saiu do Alvorada, cambaleante, em 23 de novembro. Foram 20 dias de reclusão. Desde a clausura até o retorno ao Planalto, foram idas e vindas em que os militares golpistas testaram o ânimo e a coragem do que ainda era o líder.
As trocas de mensagens reveladas pelas investigações da Polícia Federal mostram que o general kid preto Mario Fernandes era um dos encarregados de empurrar Bolsonaro para o golpe. Mas parece não conseguir convencê-lo de deveria ser o líder do desatino.
O que se vê na sequência é que, sem confiar em Bolsonaro, os militares seguem em frente e, na verdade, armam um esquema para se livrar do tenente.
O gabinete do golpe iria excluir Bolsonaro da jogada, a partir do momento em que os generais golpistas se dão conta de que não têm maioria entre os chefes militares e de que o tenente é fraco para a missão. José Roberto Toledo conta no UOL:
“A razão de Bolsonaro ser o nome mais citado pelo general é que ele era o principal alvo do lobby que Mario Fernandes fez pelo golpe de Estado. Em praticamente todas as mensagens, esse era o principal assunto. O general tinha pressa e queria apressar Bolsonaro. Quando não conseguia falar diretamente com o presidente, buscava intermediários”.
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Os golpistas agiam na urgência, e Bolsonaro empacava. Como último gesto, o embromão foge para os Estados Unidos e torce para que o golpe dê certo e ele retorne como ditador. E 8 de janeiro é o fiasco final.
Mas aí fica a dúvida que nunca saberemos resolver: será que assumiria a liderança? O mais provável é que entrasse em luta com os ex-comandados, já prontos para assumir o poder.
O resumo é esse. Bolsonaro foi considerado um frouxo e expelido da trama lá no fim de 2022 e é considerado fora do jogo hoje por direita e extrema direita. Por ser um frouxo, um tenente vacilão.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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