O guia de turismo e pesca esportiva Wesley Lopes, conhecido como Wesley Pezão, denunciou em suas redes sociais um cenário alarmante: tartarugas da Amazônia mortas e outras apresentando sinais de tontura no Lago Rico, formado pelo Rio Araguaia, em Aruanã, Goiás. Em vídeos postados no Instagram, Wesley expressou surpresa e indignação. “Em 25 anos trabalhando nesta região, nunca vi uma situação como essa no lago”, destacou. Os vídeos foram gravados na última quinta-feira, 31 de outubro.
Wesley relatou ao Jornal Opção que o problema pode estar relacionado ao capim que as tartarugas consomem. “Se fosse a água, teríamos visto muitos peixes mortos, mas vimos apenas tartarugas, o que indica que pode ser o capim, já que elas se alimentam dele”, observa.
Wesley Pezão enfatiza que, desde que pescadores, guias e a comunidade se engajaram em um projeto de preservação das tartarugas, essa população aumentou consideravelmente no lago. O guia filmou algumas tartarugas já mortas e outras agonizando fora da água, e explicou que elas costumam sair da água para morrer. Wesley também menciona uma possível contaminação decorrente de algum produto relacionado à construção da Ferrovia Norte-Sul, que passa próximo ao lago.
Wesley revelou à reportagem que uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e um grupo de professores biólogos da Universidade Federal de Goiás (UFG), motivados pela sua denúncia, estiveram no local neste final de semana e constataram a situação.
“Os biólogos abriram uma das tartarugas e notaram apenas capim e uma substância marrom que não foi possível identificar no momento. Acredito que pode ser algum produto da construção da rodovia, mas apenas as avaliações dos biólogos poderão confirmar o que está causando isso”, afirma.
IBAMA
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) enviou uma nota destacando que uma equipe composta por representantes de diversas instituições foi ao local no dia seguinte à denúncia e que medidas estão sendo tomadas para esclarecer o que está acontecendo com as tartarugas.
Veja a nota na íntegra:
Na última quinta-feira, 31 de outubro, fomos informados sobre um incidente de mortandade de tartarugas da Amazônia no Lago Rico, situado no Araguaia, Goiás. Em resposta imediata, equipes compostas por representantes do IBAMA, da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Estadual de Goiás (UEG), do Projeto Araguaia Vivo (TWRA/FAPEG), do PPBio Araguaia (PUC Goiás/CNPq) e do Batalhão de Polícia Militar Ambiental foram deslocadas ao local para conduzir uma investigação abrangente.
Durante a inspeção, encontramos 11 animais em condições críticas, dos quais 7 estavam vivos, mas com saúde extremamente debilitada, e 4 já haviam falecido. Procedemos à necropsia dos animais e amostras foram coletadas para realização de exames laboratoriais, incluindo análises histopatológicas e toxicológicas, que permitirão determinar a causa dessas mortes.
Até o momento, não descartamos nenhuma hipótese. Consideramos diversas causas possíveis, como doenças, intoxicação ambiental ou pesca inadequada. Reforçamos que, no presente estágio da investigação, nenhuma dessas possibilidades tem maior ou menor probabilidade de ser confirmada.
Nossa equipe continuará com as análises necessárias e informará a sociedade sobre os desdobramentos desta investigação. Agradecemos a colaboração de todos os envolvidos e o apoio da comunidade local.
IBAMA/GO (PQA/DITEC e DIFIS)
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Projeto Araguaia Vivo (TWRA/FAPEG)
PPBio Araguaia (PUC Goiás/CNPq)
Batalhão de Polícia Militar Ambiental
Veja os Vídeo feito pelo guia:
Vídeo feito pelo Ibama:
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