Um aliado do prefeito de Uruaçu, Valmir Pedro — conhecido como Marconi Perillo do Norte e, durante anos, líder do PSDB —, disse que o alcaide seria capaz de eleger uma pedra na sua sucessão, desde que a pedra tivesse dinheiro, muito dinheiro.
Foi senha para a descoberta do empresário Oziris Ribeiro Silva, do União Brasil.
A escolher um político do União Brasil, Valmir Pedro operou com inteligência. Ou seja, queria eleger seu candidato, tentando enganar a base governista. Assim, teria um terceiro mandato, pois, tendo de cuidar de seus múltiplos negócios, Oziris Ribeiro não teria, em tese, tempo para cuidar da prefeitura. Então, nomeado secretário de Administração, o tucano-boy seria o prefeito de fato.
Com a pedra lançada, dois jornalistas, um de Goianésia e um de Goiânia, foram contratados para “achincalhar” Azarias Machado Neto, o Machadinho, do MDB. Com fakes news, tentaram explorar a vida pessoal do candidato apoiado pelo vice-governador Daniel Vilela. Porém, com a mão pesada, que raramente funciona em eleições — sobretudo quando se enfrenta um candidato consistente —, acabaram dando um tiro no pé, pois, longe de enfraquecer, Machadinho ficou ainda mais forte.
Conta-se que, por ser um dos homens mais ricos de Goiás, Oziris Ribeiro visitava fazendas de helicóptero. Lá de cima, gritava: “Vão votar em mim?” Se as pessoas dissessem que “não”, movimentando a mão, ia embora de imediato. Claro que se trata de folclore político. Mas ao contá-lo as pessoas estão dizendo, de maneira metafórica, outra coisa: o candidato do valmirismo-marconismo não tinha qualquer identidade com os eleitores, sobretudo com o povão.
Chegou o dia da eleição… e a pedra com dinheiro perdeu de maneira vexatória. Machadinho foi eleito, por assim dizer, no zero turno. Foi uma “lapada”, como se diz em Uruaçu.
Machadinho ganhou com 54,70% dos votos válidos. O postulante do emedebismo obteve 12.369 votos. Ele derrotou tanto Oziris Ribeiro quanto Valmir Pedro, que aparecia mais na campanha do que seu candidato.
Oziris Ribeiro ficou com 43,09% dos votos válidos. Ou seja, com 9.743 votos.
Turma de Valmir sugere que Oziris é fraco
Pós-eleição, a turma de Valmir Pedro estaria dizendo que a culpa não foi do prefeito, e sim do candidato, que não era popular e, por isso, era muito fraco. Pode até, em parte. A mesma turma sugere que Valmir Pedro já está pensando em 2028, quando não apoiará uma nova candidatura de Oziris Ribeiro.
Na verdade, culpar Oziris Ribeiro é eximir Valmir Pedro de uma série de erros. Primeiro, sua última gestão é bem mais fraca do que a primeira. Segundo, estaria deixando a prefeitura endividada e a cidade com uma série de problemas na área de infraestrutura. Terceiro, o prefeito “garantiu”, mas não conseguiu transferir votos para seu pupilo. Quarto, a aliança de Oziris Ribeiro com o marconista Valmir Pedro acabou sendo vista, por toda a base governista, como uma traição ao governador Ronaldo Caiado e ao vice-governador Daniel Vilela.
Machadinho, por seu turno, terá de dispender muito esforço para reorganizar a Prefeitura de Uruaçu. Terá de fazer uma ampla auditoria para descobrir os ralos do endividamento e dos gastos desnecessários. É bem provável que, com uma auditoria rigorosa, Valmir Pedro acabe tendo de responder à Justiça por seus possíveis erros na condução da coisa pública. Conta-se nas ruas que o marconista administrava como se a Prefeitura de Uruaçu fosse propriedade particular, ou seja, dele, e não do povo.
Com Machadinho, político decente, chega um tempo realmente novo na Prefeitura de Uruaçu. O tempo da probidade administrativa.
O povo pôs Valmir Pedro na prefeitura, por dois mandatos, e, quando julgou oportuno, não permitiu que seu afilhado político, Oziris Ribeiro, assumisse a prefeitura. Os eleitores deram um basta ao possível descalabro. (E.F.B.)
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