A escritora sul-coreana Han Kang foi anunciada nesta quinta-feira, 10, como a ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2024. A distinção, concedida pela Academia Sueca em Estocolmo, é destinada àqueles que realizam “o trabalho mais notável no campo da literatura”. Além do reconhecimento, o prêmio inclui uma quantia de 10 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 5,3 milhões. Han foi escolhida “por sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”, destacou a Academia em sua justificativa.
Han Kang é uma autora aclamada internacionalmente, conhecida por seus romances, ensaios e contos que exploram as complexidades da vida humana e temas como o trauma, a memória e a violência. Seu livro mais famoso, A Vegetariana, lançado em 2007, foi vencedor do Prêmio Internacional Man Booker em 2016, tornando-a uma figura de destaque na literatura global. Outro de seus trabalhos notáveis é O Livro Branco, que foi finalista do mesmo prêmio em 2018. Ambas as obras foram traduzidas para o português e são publicadas pela Editora Todavia.
A temática recorrente em suas obras é a fragilidade da existência humana e o confronto com normas sociais rígidas, especialmente para suas protagonistas femininas. Em A Vegetariana, Han aborda a história de uma mulher que, ao decidir parar de comer carne, entra em um profundo conflito com sua família e sociedade, resultando em consequências violentas. Seu estilo poético e experimental a posiciona como uma das vozes mais inovadoras da literatura contemporânea, algo que foi amplamente reconhecido pelos organizadores do Nobel.
Han é a primeira mulher asiática a ser laureada com o Nobel de Literatura e apenas a segunda sul-coreana a receber um Prêmio Nobel, seguindo os passos do ex-presidente Kim Dae-jung, que foi homenageado com o Nobel da Paz em 2000. A vitória de Han reflete um esforço recente da Academia Sueca em aumentar a representatividade geográfica e de gênero entre os premiados, após críticas sobre a predominância de vencedores europeus e do gênero masculino ao longo da história do Nobel de Literatura.
Essa mudança é particularmente visível nos últimos anos. Desde o escândalo de 2018, em que a entrega do prêmio foi adiada devido a alegações de assédio sexual envolvendo membros da Academia, houve uma tentativa de reformulação nos critérios de escolha. Das 18 mulheres laureadas com o Nobel de Literatura, nove foram premiadas nas últimas duas décadas, incluindo Han Kang. Ela se junta a figuras como Annie Ernaux, vencedora de 2022, e outras autoras que têm moldado a literatura mundial com suas vozes singulares.
Até agora, foram anunciados os vencedores do Nobel de Química – o bioquímico David Baker e os especialistas em IA Demis Hassabis e John M. Jumper por calcular estruturas proteicas tridimensionais -, o Nobel de Física, que foi para os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton, que “usaram conceitos fundamentais da física estatística para criar redes neuronais artificiais que funcionam como memórias associativas” e o Nobel de Medicina, entregue aos americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun pela descoberta de uma nova classe de moléculas de RNA.
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