A eleição para a Prefeitura de São Paulo se tornou um grande circo e muito disso se deve a um novo jogador na política: Pablo Marçal. O ex-coach, condenado pela Justiça goiana, o ex-coach (como gosta de ser chamado) querendo ou não se tornou um dos favoritos no pleito da maior e mais rica cidade do país. Mas a que isso se deve?
A plataforma de Marçal é gigantesca e suas redes sociais são as mais engajadas na corrida eleitoral na capital paulista. Mesmo com acusações de abuso de poder econômico, que por si só seria motivo para ser tirado do pleito, o ex-coach alcança espaço e número utilizando seus cortes nestas mesmas redes.
Em poucos dias, Marçal conquistou 4,2 milhões de seguidores no Instagram, o que causou certa estranheza quando se sabe do que foi feito durante a pré-campanha. À época, o candidato fez concursos em grupos do Discord (plataforma que reúne fóruns de discussão de diversos assuntos) para alavancar os números de seus cortes, o que também é vedado pela legislação e configura abuso do poder econômico, mas aparentemente a lei não funciona tanto assim.
Hoje, Marçal usa toda e qualquer aparição pública, sendo em debates, entrevistas ou sabatinas, para fazer seus cortes e dar suas “lacradas”. É impossível assistir algo em que o candidato apareça e pensar: “esse candidato tem propostas reais”. Tudo que Marçal propõe para São Paulo parece ter sido tirado de sonhos delirantes. Seja um teleférico conectando periferias ou até mesmo um “prédio de 1 quilômetro de altura”, que não se sabe a praticidade disso.
Esse circo, criado pelo candidato que mais cresceu nas pesquisas, serve a seu projeto político pessoal. Não é novidade que Marçal precisa desse engajamento para construir uma base eleitoral em São Paulo. A “antipolítica” criou o monstro que tem chances reais de vencer na cidade mais rica do país.
O que resta a São Paulo? Aguardar os próximos anos e entender que muitas vezes a política tem que ser feita por quem entende, por quem propõe, por quem sabe aplicar um orçamento e, mais importante, por quem realmente quer mudar a vida das pessoas, e não apenas seguir seu projeto político pessoal.
Marçal hoje é extremamente popular por motivos que não consigo entender. A exportação do Parque Atheneu, de Goiânia, tem potencial de provar que a política pode se tornar uma piada de péssimo gosto e que São Paulo realmente não sabe votar.
Minha avó sempre me falava que na vida você aprende por amor ou pela dor, espero que São Paulo não precise passar pela dor para aprender.
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