*Com informações e contribuição de Pedro Moura
O Parque Zoológico de Goiânia pode receber o nome do ornitólogo e taxidermista húngaro Hidasi József, conhecido como José Hidasi. Circula pela Câmara Municipal da capital um projeto para renomear o espaço com o nome do professor A matéria é de autoria do vereador Henrique Alves (MDB) e será votada na quarta-feira, 4, no plenário.
“O professor José Hidasi foi uma pessoa com uma grande história dentro da biologia”, pontua Alves, em contato com o Jornal Opção. Segundo o vereador, o projeto é um título de homenagem e está fase final de votação na Casa. Caso seja aprovado pelos colegas de Parlamento, a matéria segue para a sanção do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade).
O professor
Natural de Makó, na Hungria, Hidasi veio para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial e se dedicou a prática da taxidermia. Um dos percussores da técnica no Brasil, o professor escolheu Goiânia como casa, após passar pelo Rio de Janeiro. Ele ainda publicou três livros a respeito do trabalho e morreu aos 95 anos de idade em 2021.
Para contar mais detalhes sobre a vida ornitólogo, o Jornal Opção conversou com o filho dele, o advogado ambientalista Roberto Hidasi. Segundo ele, o pai deu a vida para o estudo da ornitologia e da prática da taxidermia no país. No caso, o primeiro é o estudo das aves e o segundo uma prática para conservar peles e órgãos de animais mortos.
“Ele (José) foi um dos precursores no Brasil, após a Segunda Guerra Mundial, trouxe a técnica da taxidermia da Hungria. E aí escolheu Goiânia como casa e seu propósito de vida era trazer a ciência para a capital. Esse é o legado que o meu pai deixou com os trabalhos dele, um legado pela ciência, junto com três livros publicados: ‘As Aves de Goiânia’, ‘As Aves de Goiás’ e ‘As Aves do Brasil Central’.”, conta o filho do professor.
Ida para o Brasil
Antes de chegar em Goiânia, Roberto conta que o pai esteve na Segunda Guerra Mundial e lutou contra o nazismo, como paraquedista no exército da Hungria. Entretanto, ele foi capturado pelos inimigos e acabou em um campo de concentração. Posteriormente, ele conseguiu fugir do local e viveu em campos de refugiado até conseguir ir para o Brasil.
“Ele atravessou a Europa só comendo só maçã para sobreviver porque era um refugiado. Chegou a morar em campos de refugiados na França e depois conseguiu a documentação para embarcar para o Rio de Janeiro. Lá, para sobreviver, ele empalhava animais, como jacarés, e vendia para as lojas voltadas para os turista”, narra o advogado ambientalista.
Roberto destaca que a vida do seu pai mudou quando ele recebeu uma oportunidade para trabalhar com a Fundação Brasil Central (FBC), uma instituição para explorar locais inabitados no centro do país, incluindo o estado de Goiás. A fundação estava desbravando o interior do país e tinha uma base operacional em Barra do Garças (Mato Grosso) e Aragarças (Goiás), ele foi para lá e até montou um mini museu em Aragarças”, relata.
História em Goiânia
Segundo o filho, José teve mais de 50 anos de atuação nas suas áreas de estudo e em Goiânia fundou o primeiro zoológico da capital. “Ele pegou 50 animais vivos e foi para Goiânia com um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), assim fundou o primeiro zoológico da capital. Esses animais vieram do Cerrado, coletados nas expedições da FBC.
Na capital, ele doou mais de 20 mil peças de taxidermia para estudo, sendo a maioria (15 mil) para a Pontífice Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). “Algumas das peças mais inusitadas incluem um bezerro de duas cabeças, um frango com quatro pernas e um galango com dois rabos. Ele empalhou também o famoso jacaré Jacinto, conhecido por sua agressividade e que foi exposto no zoológico de Goiânia”, conta.
Além da capital de Goiás, José Hidasi também ajudou a fundar museus em outras cidades do Brasil, como Palmas, no Tocantins, e Fortaleza, no Ceará. Fora que ele possui peças em outros países, incluindo o Museu de História Natural da Austrália e a Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos.
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