Hoje achei uma preciosidade no YouTube: um vídeo mostrando imagens do Rio de Janeiro entre os anos de 1962 e 1963. A antiga capital federal passava por uma grande transformação. Já não era mais Distrito Federal e sim Estado da Guanabara. O primeiro governador do novo estado foi Carlos Lacerda, jornalista combativo, deputado federal oposicionista. Neste vídeo, nós o vemos com a sua equipe vistoriando as obras, apresentando a cidade que administrava como um lugar a ser remodelado. Quem diria que a nova face carioca nos anos 1960 seria embelezada por um governador sem experiência administrativa e muito conhecido por ser “demolidor de presidentes”
Provavelmente este vídeo foi feio para ser veiculado na televisão. Carlos Lacerda apresentava uma outra face, a do construtor do novo Rio de Janeiro depois que deixou de ser capital federal. A sua atuação no Governo da Guanabara o levou a ser o candidato presidencial nas eleições de 1965. Se o PSD tinha Juscelino Kubitschek, o construtor de Brasília, a UDN apresentava Lacerda como o construtor da Guanabara. Os udenistas mostravam que não eram apenas o partido da “eterna vigilância”, mas sim capaz de administrar cidades podendo até alçar voos mais altos como o recém inaugurado Palácio do Planalto. Em Goiânia, o também udenista Hélio Seixo de Brito fazia um bom trabalho à frente da Prefeitura.
Lacerda aparece no vídeo de terno e gravata. Vez ou outra ele coloca um capacete de proteção. Será que ele não queria se parecer um populista tal qual seus adversários do PSD? Tipo Getúlio Vargas com os trabalhadores ou Juscelino com os candangos? As câmeras fazem questão de captar as pessoas felizes na praia após mais uma obra do Governo Lacerda. O apresentador de TV, Flávio Cavalcanti apareceu no vídeo participando da campanha de vacinação. Ele foi bem próximo do governador tanto na aparência quanto no anticomunismo.
Era o ano de 1962 e Lacerda estava no segundo ano de mandato. Ainda teriam mais três anos pela frente. Enquanto as obras na Guanabara ficavam prontas, ele poderia sonhar em sair dali rumo à Brasília para ser empossado Presidente da República.
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