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O abismo profundo da intimidade: 50 anos da estreia literária de Maria Helena Chein

Maria Helena Chein destaca-se no universo da literatura brasileira feita em Goiás como uma escritora polígrafa, com produções em prosa e verso, numa linha intimista e psicológica, ao revelar diferentes marcas do fadário humano diante das adversidades da vida. Uma obra rica em divagações sobre o destino do homem e notadamente da mulher, em meio às injunções rotineiras da vida.

Nascida em Goiânia, filha de Jorge Chein e Judith Batista, a escritora passou parte de sua infância na cidade goiana de Anicuns, na mesma época em que também lá era criança o artista plástico Tancredo Fonseca de Araújo (1942-2008), que, depois, estaria envolvido, como ela, no GEN (Grupo de Escritores Novos). Mais tarde retornou a Goiânia, onde fez seus estudos no Colégio Santo Agostinho e graduou-se em Filosofia (UFG) e, também, em Letras Vernáculas (PUC-GO).

A antiga Anicuns, recanto em que a escritora Maria Helena Chein passou parte de sua infância | Foto: Acervo de Almir Turisco de Araújo

Antes de sua estreia em livro, há 50 anos, Maria Helena Chein esteve envolvida no cenário cultural goianiense, com outros destemidos jovens de seu tempo, nas inquietações advindas do mundo em ebulição, naqueles tempos da lambretinha. Foi coordenadora do programa cultural da Rádio Universitária de Goiânia, com enfoque nas artes e, também, participou do GEN, com amplo programa cultural importante e que marcou os anos 1960/1970 na capital goianiense.

Esse grupo de resistência e embate esteve à frente de várias iniciativas, dentre elas, a publicação de uma revista. No dia 24 de outubro de 1966 teve início a circulação da “Revista do GEN”, organizada pelo grupo de jovens idealistas e talentosos daquela época bafejada de inspirações, sonhos e (r)evoluções. 

Esse número inicial era marcado pela aguerrida vontade em mostrar uma tentativa de renovação cultural com vistas à liberdade de expressão. Era diretor o talentoso escritor Heleno Godoy, grande artista da palavra.  Cuidava do editorial a inesquecível Yeda Schmaltz (1941-2003), com sua marca incisiva no sufrágio intelectual da mulher goiana e era redator chefe o excelente artista e escritor Reinaldo Barbalho (1944-1994); este, também, saudade em nossos corações. 

No editorial, Yeda destacava que o GEN vinha impor-se ao caos na busca da verdade humana. E tinha razão nossa maga das letras. Miguel Jorge, com seu polígrafo talento, o extraordinário escritor que seria e é, já estudava a simbiose entre cinema e literatura; além de belíssimo poema sobre o Vietnã. Aparecem poemas de Reinaldo Barbalho, Yeda Schmaltz, Heleno Godoy e Célio Slywitch; um miniconto de Luís Araújo; além de um estudo de crítica literária de Rosemary Costa Ramos e Heleno Godoy, que ainda, ilustrou produções de Luiz Araújo e um conto de Marieta Telles Machado (1935-1987).

Como inovação, um poema concretista de Natal Neves e impressão de leitura de Maria Helena Chein, a destacada narradora intimista, maravilhosa presença em nossas letras (nas minhas repetidas leituras) e de Reinaldo Barbalho sobre poesia daquele tempo. 

Aparecem crônicas de José Ferreira da Silva e Anatole Ramos (1924-1994), um decano entre os jovens (na época com 42 anos). Essa revista foi força motriz daquele grupo, que mesmo mimeografada, simples, marcou sua época, como frisou Moema Olival, na análise acurada desse grupo, que, na linha do tempo, contou com a presença do grande artista Tancredo de Araújo. 

Cinquenta e oito anos são passados na esteira da vida, mas a inspiração pura e cristalina de Yeda Schmaltz é rosa tecida na tarde esmaecida do tempo: “Nossa fragilidade está gritando/em toda natureza/e, principalmente nas águas./Em cada esquina brinca a nossa fragilidade”.

Feita à força de uma vontade férrea desse pugilo de intelectuais conscientes de seus deveres com um novo tempo, a Revista marcou sua época, floriu talentos, abriu caminhos, despertou consciências, validou novas formas e pensamentos acerca daquele mundo que vivia já há dois anos no regime da Ditadura Militar e era como uma voz no deserto a evidenciar as ânsias daqueles jovens pensadores goianos. Este importante grupo foi também analisado em profundidade pela crítica literária Moema de Castro e Silva Olival (1932-2021), em seus acurados estudos.

Capa da Revista do GEN, lançada no ano de 1966 em Goiânia | Foto: Acervo de Bento Fleury

Maria Helena Chein foi assídua colaboradora na imprensa goiana desde seu aparecimento no universo literário até a publicação de seu primeiro livro e também depois disso, ao longo dos anos. Deixou antes de 1974, várias publicações em jornais como “Criança poesia” – Jornal Folha de Goiaz, edição de 15 de setembro de 1968. Poemas de Maria Helena Chein: “Contrição”, “Desafio”, “Divisória” “realidade em tons esquemáticos”, publicados no Suplemento Cultural do Jornal O Popular, na edição de 16 de junho de 1979. “Débora”, conto publicado no Suplemento Cultural do Jornal O Popular, edição de 24 de setembro de 1979. “O homem e a obra: Larigudu” jornal Folha de Goiaz, edição de 07 de fevereiro de 1965. “O cemitério de Trevisan” página Literária do GEN. Jornal Folha de Goiaz, edição de 14 de fevereiro de 1965. “O menino e a arte” página literária do GEN, jornal Folha de Goiaz, edição de 14 de fevereiro de 1965.

Publicou ainda “Terra de Caruaru” – Jornal Folha de Goiaz, edição de 01 de maio de 1965. “Pedro”. Jornal Folha de Goiaz – Edição de 12 de junho de 1966. Primeiro lugar do GEN – Concurso interno. “Homenagem em forma de divagações” jornal Folha de Goiaz. Edição de 09 de junho de 1966. “Margaridas roxas” jornal Folha de Goiaz, página Literária do GEN. Edição de 07 de março de 1965. “Pai”, jornal Folha de Goiaz. Edição de 07 de agosto de 1965. “Bariani Ortencio na cozinha goiana”. Página Literária do GEN. Edição de 17 de dezembro de 1967. “31 de dezembro”, jornal Folha de Goiaz. Edição de 31 de dezembro de 1967. “Ah, madame Laura!”, jornal Diário da Manhã. Edição de 29 de agosto de 1982. “Transparência”, jornal O Popular. Edição de 04 de abril de 1976. Suplemento cultural com “Destaque para o conto”. “Do sobreviver”. Jornal O Popular. Edição de 05 de maio de 1978. “O homem e o ato”. Jornal O Popular. Edição de 26 de dezembro de 1976.

Ainda “Considerações sobre “Caderno de capazul”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 02 de março de 1969. “Entremonstros”. Suplemento Cultural do Jornal O Popular. Edição de 12 de janeiro de 1975. “Mudança nº 02”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 23 de março de 1962. “Duas elegias para José Borges”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 07 de novembro de 1965. “Pasquela”. Jornal Cinco de março. Edição de 20 de abril de 1980. “O conto goiano”. “Prosa/poema de criança”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 17 de outubro de 1965. “Ofício IV”. Página literária de “A poesia em Goiás”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 12 de maio de 1969. “O jardim selvagem”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 12 de julho de 1980. “As histórias de Ivo e o muro de Nancy”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 10 de setembro de 1967. “Desencontro”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 12 de fevereiro de 1967. “Moringa I”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 01 de janeiro de 1967. “O conto regionalista I”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 05 de junho de 1966. “O conto regionalista II”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 13de junho de 1966. “A arte infantil”. Jornal Folha de Goiaz. Edição de 12 de maio de 1966, isso dentre vários outros artigos, poemas, contos e crônicas.

Maria Helena Chein e Aidenor Aires em noite de autógrafos em Goiânia | Foto: Acervo do Jornal O Popular.

Corria o ano de 1974, há 50 anos. Nessa época, a “Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos”, da Prefeitura Municipal de Goiânia (que chega, agora, aos 80 anos de existência) completava 30 anos, na premiação do talento goiano, iniciada em 1944, com Ermos e gerais, de Bernardo Élis Fleury de Campos Curado (1915-1997). Dentre os vários participantes, naquele ano, foi vencedora a obra Do olhar e do querer, de Maria Helena Chein.

O livro foi publicado pela Editora Oriente naquele ano, com 14 contos, 141 páginas, prefácio da reconhecida filóloga Nelly Alves de Almeida (1916-1999) e que a autora dedicou a toda sua família e também epígrafe de Albert Camus (1913-1960), escritor, filósofo e dramaturgo franco-argelino, na visão suprema do profundo e do vazio, da plenitude e da inquietação, do nada saber e da precária condição humana, temas muito relevantes em seus contos.

Do olhar e do querer em sugestiva capa que, creio, seja de Miguel Jorge (não aparece descrito no livro a autoria) | Foto: Reprodução

No prefácio da erudita filóloga goiana, membro da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás e Academia Goiana de Letras, o comentário sobre os novos rumos da ficção em prosa em Goiás, naquela época. A abertura de outros horizontes a partir do Regionalismo iniciado ainda no século XIX e acentuado com Hugo de Carvalho Ramos, Pedro Gomes, Bernardo Élis, Eli Brasiliense, Carmo Bernardes, Bariani Ortencio, Rosarita Fleury e muitos outros.

Destaca as novas perspectivas de visão do narrador, de dentro da para fora, com características psicológicas. Classificou a obra como literatura moderna, nova, abrangente, com uma visão mais profunda e angustiante do homem. Reforça a intensidade da narrativa e os experimentos de novos temas, novas formas de abordagem e recorda do GEN (Grupo de Escritores Novos), formado por jovens atuantes e inovadores, na década anterior, que abriram as fronteiras para a investigação mais aguda dos personagens na tessitura da narrativa.

A prefaciadora observa mesmo a originalidade iniciada no próprio título da obra, com o uso de dois infinitos impessoais, que ela substantivou com ousada autonomia. Eram os recursos de uma busca pela infinita possibilidade da palavra, mesmo num momento político ainda de mordaças e apodos. Aponta a tragicidade constante da vida, com suas armadilhas e sofrimentos em que, no cotidiano, o ser humano está inserido. E reforça a questão do psicológico, tanto nas ações dos personagens, quanto na renovação da narrativa não linear, que aponta para o diálogo íntimo de seus contos.

Os contos, segundo Nelly Alves de Almeida são marcados pela angústia existencial, pela reflexão profunda do sentimento de frustração ou enfrentamento dos dramas sutis do cotidiano. Expressa o Realismo Fantástico em certos contos, como marcas renovadoras do mundo numa outra perspectiva, menos linear. Mas, tudo com um veio poético, uma linguagem lírica e doce, mesmo no estado de introspecção surrealista e não sequencial, que exige, também, um aprofundamento do leitor. 

A cosmovisão é apontada pela filóloga como um recurso utilizado pela autora, na abordagem do mundo íntimo dos personagens e uma autonomia de ação dos mesmos, com desfechos inesperados ou “incompletos”, no sentido tradicional, ao dividir as sensações com o próprio leitor das coisas inacabadas da vida.

No plano estrutural dos contos, a prefaciadora revela os solilóquios de muitos deles, a solidão profunda do ser, mesmo na multidão das grandes cidades. Aponta a onisciência e certo equilíbrio entre o discurso direto e indireto e o jogo temporal entre o presente e o passado. 

Relata a ação dramática no plano íntimo, de uma tempestade interior imperceptível aos outros, nos dramas e conflitos pequenos ou não, do fadário humano da existência. É sempre a busca pelo amor, pelo viés feminino, nos entrechoques da aceitação da mulher como ser protagonista de si mesma.

Mostra muito da intolerância de gênero, ainda mais no recuo de 50 anos, da participação social e cultural da mulher. No plano da linguagem, muita inovação com os neologismos, num jogo entre o coloquial e o erudito, as falas simultâneas, o lirismo em relação às agruras da vida, as figuras de linguagem, as sinestesias, os verbos nos fins das frases, as metáforas bem colocadas, tudo de acordo com a visão profunda de Nelly Alves de Almeida, que valeu-se de teorias de Nelly Novaes Coelho, Wolfgang Kayser e René Wellek.

O grande tema do livro de Maria Helena Chein é a triste condição humana, fadada aos desencontros, contradições, desacertos, dúvidas e questionamentos acerca do destino e, ainda mais, o ser humano/mulher, com seus dilemas imemoriais e seculares, de exclusão, sofrimentos, resignações e opressões não só pelo sexo oposto, mas por toda a rede social. Libertação seria o grande tema que permeia o olhar e o querer, o desejar da mulher naquele mundo de cinquenta anos passados.

Portanto, a mulher em primeira pessoa, a mulher como interlocutora, a mulher pela visão do homem, a mulher pela visão de todos é a linha que costura as narrativas, numa inovação estética e polifônica, em relação ao universo feminino na época.

“Entremonstros” é o primeiro conto do livro, numa alusão de algo misto, fundido, aglutinado; na mistura entre preposição e substantivo no plural. É uma espécie de zoomorfização do ser, como se verifica de forma tão chocante nos dias atuais. Neste, há um diálogo inicial, que já se irrompe a demonstrar questionamentos. Frases interrogativas aparecem e seguidas na definição do “bicho”; onde vivia, com quem vivia, suas funções mínimas de catar papeis e gravetos. Um mundo permeado pela miséria e sofrimentos.

Depois, a feira, o trabalho, a solidão do ser na miséria. O diálogo seco, a fome, as privações de tudo, material e de sentimento. A mãe doente, o barraco, a chuva, até o ato desesperado, a prisão. Homem bicho entre bichos, na selva agressiva da existência.

Em “Transparência” o ideário de translucidez, o ver mais fundo, do profundo do ser. Início em primeira pessoa, interlocução com o outro, a perda na visão singular. Tempo da relação em discussão íntima. O segundo parágrafo iniciado em minúsculo, com a negação. Parágrafos longos de uma página e meia. Aprofundamento. A pobreza em suas tantas dimensões. O homem presente e o homem ausente, a solidão feminina, depois de todos os desencantos. A singeleza do nome “passarinho”.

“Desmistificação” aparece sem espaço, parágrafo de uma página e meia, com o uso do prefixo, da negação. Primeira pessoa nomeada com o tempo no presente e personagem “Padre branco” como uma invocação ao passado, na lembrança. Descrições da igreja. A reiteração em relação ao padre e a presença do silencioso Timóteo. Tudo uma questão do olhar da mulher, na visão machucada do outro.

Em “Amanhã depois das oito” a previsão futura no ideário de tempo. O previsível e imprevisível da vida, nos encontros e desencontros. Narrativa em primeira pessoa e início com uma sugestiva epígrafe. Descrição ao estilo de diário, com interlocução com o outro, tempo presente com a reiteração do “agora”. O uso do tu e a visão do outro alguém sem nome. A saída para o interior como professora e as visões da mãe e da tia, sem nomes. Ao final o personagem Flávio como parte de um outro tempo, improvável, do futuro.

Outra dimensão temporal diluída no improvável está no conto “Agora, depois e antes”, numa quebra de linearidade, num tempo pulverizado, diluído; idas e vindas, com reminiscências pelo pensamento, com um tempo remoto, no verbo no pretérito mais que perfeito. Tempo recorrente como no conto anterior. Há uma visão mais profunda da tristeza e da miséria humana. A recorrência do tempo em “oito horas”, como no conto anterior. O número oito como ideário de eternidade, infinitude. 

Ainda, a concepção de si mesma como doente e a figura de Barrabás, como forma de fixar o julgamento, de si e dos outros. A reflexão da dor e o crime. A figura controvertida de Anésio, com a frase enigmática “o tempo agride o homem” e todas as suas significações. A eterna escravidão do ser às vicissitudes da vida. O bicho novamente.

O pungente conto “Com quantos maridos se faz uma solidão”, a frase afirmativa a conceber o quanto de sofrimento pode haver numa relação, numa entrega, numa espera. O inexorável do destino. Inicia com os pontos, num ideário de uma concepção vaga. Sem princípio ou origem. Apresenta diálogo sem identificação e, depois, a madrinha como interlocutora, a trabalhar lembranças de sofrimentos, em tom confessional.

É como um desabafo, sentido e doloroso, dos dissabores em reminiscências da existência difícil e sofrida, os maridos, o primeiro e o segundo e os filhos. O tempo da roça, a saída, a fuga do marido, os sofrimentos e a madrinha sempre a socorrer. Depois, o terceiro marido, o filho fora da escola. O filho morto, o marido assassinado e as misérias recorrentes. Os maridos como partes de uma mesma solidão. Conto longo e permeado de diálogos, indagações e dores no destino da mulher.

“Desencontro” aparece novamente com o prefixo da negação de uma possibilidade. Fugacidade, destinos trocados. Interlocução com uma segunda pessoa e o personagem masculino. A identificação da personagem Luísa, que é interpelada. Os pensamentos de Luísa e a presença ou não dessa mesma personagem, diluída em divagações do outro. A mudança do tempo verbal para o presente, na figura, também, de dona Emerenciana. As idas e vindas, encontros e desencontros que permeiam a existência do homem/mulher.

No conto “De como uma mulher burguesa (?) teve uma noite triste” a afirmação permeada pela interrogação, do improvável, da dúvida. O diálogo de uma mulher com o marido, na redefinição do ser. A presença de outros personagens no cenário da trama como Dona Anita, Alexandre, Braulio e Justina. A polifonia na fala com a empregada, o avanço do tempo pelo correr das horas, pelo relógio, o tempo cronológico da espera das seis às onze horas e cinquenta e seis minutos. Desilusão da espera de alguém que, aparentemente, nunca chegou, ou nunca esteve junto. O marido que de fato, nunca chegou.

Em “Rodízio”, o ideário de mudanças, ciclos, fases. A visão pelo homem e o verbo no pretérito imperfeito. O primeiro emprego, o desejo pela vizinha. Ideias desconexas sobre a própria existência. O espaço diluído da rotina. O homem com suas lembranças no inútil de si mesmo. Um aprofundamento na existência do homem quebrado nos tempos modernos.

No conto “Do cotidiano”, a epígrafe, a interlocução e o filho em segunda pessoa. Direcionamento ao outro. Lembranças e pedaços do dia, os aniversários, as comemorações e o tempo antes, seis anos anteriores. Os filhos, o intertexto com o poeta Carlos Drummond de Andrade. As promessas, o nome e o ato. Ariel. A rotina como parte massacrante do ser, preso a si, às convenções, às obrigações, com seus grandes sonhos encobertos pela monotonia massacrante da vida.

Em “Que dor, meu filho” a frase dirigida ao filho, a expressão do sofrimento materno. A mulher/mãe. A negação da cor, o cinza. Sexualidade e etnia. A mulher negra fadada ao sofrimento ainda maior. O parto, o filho, pobreza, miséria e padecimentos. O filho doente, o hospital, a morte do filho. O horror da perda. A mulher mutilada sem o filho. Imagem mesmo da dor. 

O conto “Espaço em preto” foi analisado pela escritora Yêda Schmaltz no Suplemento Cultural do Jornal O Popular, em 12 de abril de 1976, na página 12. A crítica literária analisa sua estrutura ao demonstrar que o mesmo era (e continua sendo), uma obra de arte. Analisa a tristeza e a beleza que atingem a sensibilidade do leitor mais atento. O título com suas conotações e poéticas. O preto, na obra, associado ao mau, em oposição à paz do branco. 

É a viuvez, a dor, na figura vestida de preto. Lina é o aprofundamento da dor, imediatamente após a morte do marido. Há um tempo solto e diverso na narrativa e tudo se passa na visão da personagem. E por instantes o morto fala por ela. Houve um grande amor que os ligou e os sentimentos foram tecidos nas lembranças. Com linguagem intimista, os verbos aparecem em primeira pessoa. O morto também fala em segunda pessoa, numa mística e espiritualizada interação. Há um começo da história pelo fim, numa inversão. Usa a metáfora do pássaro, que é solto em que “recolheu a voz e a verdade do ser”.

O conto que confere título ao livro “Do olhar e do querer” mostra o casal com sua íntima catástrofe, com as ausências a seguirem a linha da vida, com as suas dissonâncias. A rotina do afastamento imperceptível (ou não) dos fios que se desamarram. Olhares e sentimentos, por dentro, a identificarem o fim inexorável. Conto de grande beleza na linguagem e nos sentidos da dissolução íntima que se instala num tempo improvável.

O último conto, também publicado no Suplemento Literário do Jornal O Popular, de 1976, aparece com o nome de uma mulher “Débora”. Em hebraico, o nome significa abelha. Tem origem semítica, o elemento zumbir. Há divisões do assunto da trama em narrativa um pouco mais longa. As digressões em pensamentos sobre o destino da mulher na modernidade. As figuras iniciais do avô e da avó. As mortes, as perdas. As cartas em lembranças profundas, no sentido dos sonhos frente a um destino novo, os passeios, as perguntas e o final completamente chocante, inesperado; assim como a própria vida.

O livro é denso e profundo, marcado por significações intensas da alma humana em suas divagações e buscas, no itinerário da caminhada humana. Há um caminho a ser seguido, embora haja dores, embora sonhos diluam-se no sempre e no instante de cada relação.

Maria Helena Chein tem um lugar cativo na história da literatura brasileira feita em Goiás, com sua postura profunda e sensível do existir do homem e notadamente da mulher nos conflitos da relação complexa entre os seres. Sua obra depois dessa primeira foi e continua sendo vasta, na poesia e na prosa. Hoje, imortal da Academia Goiana de Letras prossegue seu sendal idealista na busca por retratar, na arte infinita da palavra, sua sensibilidade aguda e feminina e seu coração tocante, de mulher.

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