E agora, José? E agora, Palavrear.
A Livraria Palavrear não tem um acervo gigante, mas o que vende é de alta qualidade. É uma verdadeira livraria, não é um armazém (ou papelaria) que também vende livros. Seus livreiros, como Natália, entendem de livros de qualidade, e não têm nenhuma obsessão por best-sellers.
Ao entrar no sobrado branco (no Setor Leste Universitário), de cara, via-se o José. Sim, José Pereira Rocha. José, o indefectível.
José, Zé, estava sempre com a mesma cara: sisudo, sério, compenetrado. Por trás disso, da fachada, um homem bom e um livreiro que sabia das coisas. Conversei com ele várias vezes. Numa delas falamos sobre a pinga com a estampa de Lula da Silva, que era nosso candidato a presidente contra a anti-civilização representada pelo caubói de Marlboro Jair Bolsonaro.
Pois tu, que é cliente da Palavrear, não poderá mais conversar com José, o circunspecto José.
Atropelado na quarta-feira, 21, José morreu na sexta-feira, 23, em Goiânia. Ele tinha 41 anos. A mãe, Maria das Graças, perdeu, no mesmo ano, o marido, José de Brito, e agora o filho querido, José Pereira Rocha.