Netflix
Desde que "Stranger Things" estreou na Netflix, a série de ficção científica cheia de referências aos anos 1980 criada pelos irmãos Duffer tornou-se um verdadeiro sucesso. Mas nada — nada — chamou mais atenção do que Barb.
O público conheceu a melhor amiga da adolescente rebelde Nancy Wheeler (Natalia Dyer) já no primeiro episódio. Parada em frente ao seu armário vestindo jeans de cintura alta, uma blusa estilo secretária, óculos enormes e cabelo ondulado, vermelho, curto e imóvel, Barb indaga sobre a vida amorosa de Nancy. Ela diz estar preocupada em perder Nancy para a turminha popular da escola e questiona a indiferença de sua melhor amiga com um mero levantar de sobrancelha que fez todo mundo se apaixonar pela personagem.
Natalia Livingston
Não, Barb não é a mais bem vestida, não é a mais bonita e não é a mais popular. Mas ela é alguém com quem podemos nos identificar (daí a popular hashtag #WeAreAllBarb). Inclusive Shannon Purser.
"Todo mundo em algum momento da vida se sente como a Barb", disse Purser ao BuzzFeed News por telefone em sua primeira entrevista após a Barb-mania. "Um pouco marginalizado e negligenciado pelo seu círculo social. Como qualquer outro ser humano, já me senti assim também".
Barb ganhou posts em sua homenagem, vídeos de tributo, murais, hashtags e tweets atrás de tweets que deixaram Purser sentindo-se como se tudo fosse bom demais para ser verdade.
"Pensei que talvez uma ou duas pessoas iriam achar Barb legal ou engraçada."
“As últimas semanas têm sido meio que um sonho", disse. "Eu estou no ponto onde acho que um dia vou acordar e nada disso terá acontecido. É definitivamente algo que eu não esperava, então ter esse tipo de resposta positiva e esse tipo de amor dos fãs tem sido incrível. Absolutamente incrível".
A surpresa de Purser decorre do fato de que Barb — ALERTA DE SPOILER — só aparece em três dos oito episódios da série.
A personagem é atacada e desaparece no início do episódio 3, voltando como um cadáver por um breve momento no episódio final. "Eu amei a personagem e amei a série, e pensei que talvez uma ou duas pessoas pudessem achar Barb legal ou engraçada... e talvez eu ganhasse 10 novos seguidores no Instagram", disse Purser com uma risada. "E então, depois da série, todo esse carinho dos fãs começou a aparecer. Receber esse tipo de resposta tem sido uma loucura. Especialmente por esse ser o meu primeiro papel!".
Agora com 19 anos, Purser estava no último ano do ensino médio quando fez o teste e conseguiu o papel em "Stranger Things", sua primeira atuação profissional. "'Stranger Things' é o tipo de série que eu assistiria, mesmo se não estivesse no elenco", disse. "Eu adoro a sensação nostálgica dos anos 1980 e ah...eu amo muito a Winona Ryder. Eu era uma grande fã quando estava crescendo, então respirar o mesmo ar que ela foi uma honra, com certeza. E eu sempre amei histórias de suspense e terror, então começar em uma série que combinava tudo isso foi como se alguém lesse minha mente e deixasse esse belo presente na minha frente”.
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Esteticamente, Barb sintetiza os anos 1980, sem dúvida, mais do que qualquer outro personagem em "Stranger Things".
"Se eu pudesse levar para casa aquele top xadrez, com certeza levaria", disse Purser. O guarda-roupa da personagem é cheio de sugestões visuais para que o telespectador entenda o lugar de Barb na hierarquia social da escola e como ela pouco se importa em se encaixar nesse sistema. "Ela era assumidamente ela mesma, e acho que seu guarda-roupa mostrava isso", disse Purser. "Ela aparece na festa com os meninos populares da escola com um casaco volumoso e veludo cotelê... isso é lindo. Barb é uma personagem que não fica muito preocupada com o que os outros pensam dela ou se ela é a primeira a ser convidada para as festas. Eu realmente amei isso nela”.
"Fiquei muito feliz em ter tido a oportunidade de ser eu mesma, de certo modo, com Barb."
As escolhas de vestuário também estão relacionadas com o maior e mais significativo carisma de Barb. Ela não é a heroína ou a donzela em perigo — aliás, sua própria mãe não percebe que ela está desaparecida. Ela é marginal à história principal. Mas, para muitos, esse é um ponto de identificação.
E isso é algo com o qual Purser pode se relacionar. "Eu sou muito parecida com Barb na vida real, e estou contente que outros se enxerguem nela", recentemente twittou. É essencial para ela, tanto como atriz como ser humano, representar as pessoas que se sentem invisíveis.
"Eu sempre senti, como pessoa, que queria fazer os outros se sentirem incluídos e amados, porque em algum momento de todas as nossas vidas nos sentimos excluídos, especialmente em termos de aparência", disse. "Estou ciente de que não me pareço com a tradicional ou estereotipada estrela de Hollywood, mas tudo bem por mim. Fiquei muito feliz em ter tido a oportunidade de ser eu mesma, de certo modo, com Barb, porque eu sinto como se vários homens e mulheres precisassem ver uma personagem como ela. Eles precisam saber que não estão sozinhos e que são valiosos, mesmo que eles não se encaixem da forma como gostariam. Sou muito grata por ter conseguido fazer isso com Barb”.