Com a chegada de outubro também é dada a largada ao mês dedicado ao combate ao câncer de mama e ao de colo do útero. Em Sorocaba, segundo a Secretaria de Saúde (SES), mais de 230 mulheres, entre 2018 e o primeiro semestre deste ano, foram diagnosticadas com uma das doenças no Sistema Único de Saúde (SUS). Dessas, 206 tiveram tumor na mama e outras 28 no colo do útero. Para marcar o Outubro Rosa, vários eventos e ações serão realizados na cidade visando à conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce, que segundo a médica mastologista Alice Francisco, aumenta de 95% a 98% as chances de cura.
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), por ano são diagnosticados cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama no Brasil e outros 16 mil de câncer de colo do útero. Alice lembra que uma em cada oito mulheres pode desenvolver a doença, porém 60% dos casos só são diagnosticados quando já estão bastante avançados.
O câncer de mama é o tipo da doença mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. No Brasil, esse percentual é de 29%. No ano passado, segundo o Inca, 16.927 pessoas morreram por causa da doença, sendo 16.724 mulheres e 203 homens. Embora seja recorrente em mulheres, o câncer de mama pode sim acometer homens. Já o câncer de colo do útero matou 6.385 mulheres em 2018.
O autoexame é maneira mais efetiva de perceber a doença e toda mulher, a partir dos 40 anos, deve realizar a mamografia. Segundo a SES, na rede pública de saúde de Sorocaba foram realizadas 20.398 exames desse tipo no ano passado e 10.293 entre janeiro e julho deste ano. Nos primeiros oito meses deste ano, conforme a pasta, aconteceram 55.713 consultas ginecológicas na cidade. Já no Ônibus Rosa, durante o mesmo período, um total de 2.786 atendimentos foram feitos.
A mastologista Alice alerta que qualquer mulher tem risco de desenvolver o câncer de mama. “Sabe-se que mulheres que possuem histórico familiar importante, especialmente em parentes de primeiro grau e em idade jovem, têm maior risco”, afirma. Outros fatores importantes são os comportamentais, como o sobrepeso e o sedentarismo. “O uso de terapia hormonal, principalmente por período prolongado e sem orientação médica, também é um fator de predisposição para o câncer”, afirma a médica.
Conforme a especialista, cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados. Praticar atividade física, ter alimentação saudável, amamentar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas são ações que podem evitar a doença. No caso do câncer de colo do útero, o início precoce de atividade sexual, múltiplos parceiros, tabagismo e uso prolongado de anticoncepcionais podem aumentar as chances do diagnóstico positivo.
Alice também é fundadora da Pense Pink, movimento fundado por outros três médicos oncologistas e que busca desmistificar e informar sobre o câncer. Para marcar o Outubro Rosa, no dia 29 deste mês o grupo realiza seminário gratuito para pacientes e familiares sobre câncer de mama, no Instituto BOS.
Na segunda-feira, a Pense Pink também participou do Desfile Fashion For a Cause, na Audi Center Sorocaba. Na ocasião Alice anunciou a parceria com a ONG norte-americana Maple Tree Cancer Alliance. Atuando desde 2011 nos Estados Unidos, a organização contará com sua 13ª sede em Sorocaba.
As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também terão programação especial ao longo deste mês, segundo a SES. As equipes da área da saúde intensificarão a coleta de papanicolau e as orientações sobre a prevenção das duas doenças-tema do Outubro Rosa. Em Sorocaba, as mulheres podem procurar o atendimento em uma das 32 UBSs e também no Ônibus Rosa. O cronograma completo das atividades está disponível no site https://bit.ly/2p1Ivpl.
Uma é Maria Madalena e a outra Maria da Glória, ambas professoras, mães, sorridentes, corajosas e o câncer de mama fez com que elas se conhecessem. Foi na Liga Sorocabana de Combate ao Câncer que a professora aposentada Maria Madalena Guerra, 72 anos, passa parte do seu dia fazendo terapias, mesmo após três anos da cura completa da doença. Antes do sol nascer, porém, ela se junta a outros voluntários e distribui café da manhã em frente à Igreja São Lucas, no Vergueiro. Já Maria da Glória Santos Cardoso, 54 anos, mesmo com o diagnóstico no final de 2017, deu andamento ao seu mestrado em educação especial e hoje, curada, aguarda para fazer a reconstrução da mama.
No caso da professora aposentada, a primeira batalha contra o câncer foi travada em 2009, quando tinha 62 anos. “Fazia exame de rotina e então veio a confirmação. “Eu morava sozinha e decidi não contar para ninguém”. Por conselho médico, revelou ao filho o diagnóstico e dele veio toda a força que precisava para passar pela mastectomia total do lado esquerdo, 13 sessões de quimioterapia e 35 de radioterapia.
Completamente curada, Maria Madalena deixou a capital paulista para viver em Sorocaba. “Aqui, em 2016, por já acompanhar rigorosamente, o médico encontrou um nódulo pequeno na mama direita e falou que a mastectomia já resolveria. Não pensei duas vezes.” Ela decidiu que não queria fazer a cirurgia de reconstrução e na Liga recebeu o sutiã com prótese. Na entidade ela também pratica reike, participa de aulas de culinária, massagem e todas as atividades disponíveis. “Estou aqui de segunda a sexta e esse acolhimento é essencial para toda mulher que atravessa esse período.”
Já Maria da Glória conta que percebeu um carocinho do tamanho de um feijão em sua mama direita quando fez o autoexame durante o banho. “Procurei um posto de saúde e lá a ginecologista me pediu uma bateria de exames que eu fiz pelo convênio e já levei para uma mastologista.” Ela começou o tratamento em 2018, quando já estava fazendo seu mestrado. “Decidi que não ia parar a minha vida. Ia enfrentar essa doença e seguir normalmente. Assim eu fiz, e deu certo.”, comemora.
Mãe de uma menina de 12 e de um rapaz de 20, foi depois do câncer que ela procurou a Liga e até se reencontrou com a Maria da Glória da juventude, através da dança. “O câncer não é uma sentença de morte e eu descobri muito sobre mim. Na adolescência adorava dançar e aqui na Liga me apaixonei pela dança do ventre.” Hoje a professora já está curada e em fevereiro do ano que vem já tem a cirurgia de reconstrução da mama marcada através do SUS.
Neste domingo Maria da Glória e outras assistidas pela Liga se apresentarão no Teatro Municipal Teotônio Vilela (TMTV), às 20h. O evento é realizado em parceria com a Escola de Dança Regina Fonseca, voluntária na Liga. “Parte da renda da venda dos ingressos será revertida para a entidade”, frisa Maysa Miceli Santini de Souza, atual presidente da Liga. Os ingressos já estão à venda, pelo valor de R$ 30, e podem ser adquiridos diretamente na sede da entidade.
Outra atividade para comemorar o Outubro Rosa está marcada para o dia 12 de outubro, às 16h, quando acontece o Chá de Mulheres com Foco, no Salão de Festas Quatro Estações. Os convites custam R$ 35 e também estão à venda na sede da Liga.
A 5ª edição da corrida Pink do Bem acontece no dia 27 de outubro, com estimativa de 1.500 participantes, com concentração às 7h30, no Parque das Águas. As inscrições podem ser feitas até o dia 23 de outubro em três categorias: caminhada de três quilômetros e corridas de cinco e dez quilômetros. Para os interessados em participar da caminhada, o custo é de R$ 70, que dá direito ao kit com sacola e camiseta. Já para as corridas, o custo é de R$ 100, com entrega de camiseta, sacola e coqueteleira. As inscrições podem ser feitas pelos sites www.aaspatletismo.com.br e www.minhasinscricoes.com.br.
Toda a verba arrecadada com a Pink do Bem é utilizada para o pagamento de exames de mamografias, ultrassom de mama e biópsias de mulheres que aguardam na fila do SUS. A ação é feita por meio de uma parceria entre a Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, Prefeitura de Sorocaba e a clínica Pro Femme. Com a arrecadação dos anos anteriores foram pagos 800 exames de mamografias, 500 de ultrassom de mama e 30 biópsias. A sede da Liga fica na rua Antônio de Andrade, 45, no Jardim Faculdade. O telefone é (15) 3342-3320. (Larissa Pessoa)
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