Brasileiros e argentinos têm uma rivalidade colossal há décadas. Apesar de ela ser fortíssima nos gramados dos campos de futebol, ela está se tornando ainda mais forte nas conversas e nos debates culinários. Mais especificamente sobre churrasco.
Os argentinos afirmam, por exemplo, que o churrasco brasileiro é uma cópia do churrasco hermano. Só que, segundo eles, piorada e que não condiz em nada com o que os habitante do Rio da Prata fazem.
Os hermanos não se gabam apenas de terem Maradona e Messi como heróis de seu futebol. Aliás, nada mais combina tanto com a bola rolando do que um bom churrasco. E em termos de carne, teremos de concordar, os argentinos sabem muito bem do que estão falando.
De acordo com os mestres assadores de lá, os brasileiros cometem muitos erros ao assar a carne. Erros simples, de procedimento. Segundo os argentinos, o verdadeiro churrasco é sempre feito na grelha, a famosa parrilla.
A parrilla é justamente o grande segredo do churrasco de lá. Segundo os especialistas, grelha precisa ficar de 10 a 15 centímetros da brasa. É preciso evitar, ainda, que a gordura da carne caia no carvão. A ideia não é fazer com que haja mais combustível e que a carne acabe ficando torrada.
O cuidado com a carne é fundamental no churrasco argentino. Por isso espalhar o carvão por toda a churrasqueira é um grande erro. Isso irá fazer mais fogo do que deveria. É preciso calcular a quantidade de carvão exata para a quantidade de carne a ser assada. Coloca-se mais se for mesmo necessário.
Isso porque o carvão é extremamente tóxico. Querendo ou não, ele irá contaminar a carne se estiver em excesso na grelha ou na churrasqueira. Há ainda um ponto ideal do carvão a ser colocado na parrilla, devendo ser aquele em que há uma camada bem fininha de cinzas por cima.
Não podemos esquecer que ao contrário do que se faz no Brasil, o assador não pode nunca sair do pé da grelha. Ele é o mestre e é quem controla o ponto da carne, o tamanho das chamas e todo o churrasco.
O churrasco hermano não usa as mesmas carnes que o churrasco brasileiro. A picanha e a alcatra? Esqueça. Na Argentina são carnes próprias para bife ou para serem feitas na panela.
Uma boa “parrillada” deve usar matambre, fraldão, costela e chorizo. O chorizo é o entrecôte, uma parte bem macia do contrafilé.
O tempero é basicamente sal. Mas não se usa sal grosso, nem sal fino. Precisa ser um meio termo, e o tempero vai nos dois lados da carne. Colocando na grelha, o ponto certo é começar a sair suco. Quando isso acontecer, é preciso virar a carne e esperar o mesmo acontecer no outro lado.
Esse processo depende do corte, da altura da carne e da brasa. Em média leva de 15 a 45 minutos. Se quiser uma carne mal passada, é preciso ter bastante brasa. Doure a carne por fora dos dois lados, sem deixar sair o suco. Caso queira carne bem passada, vire-a duas vezes em cada lado.
Para terminar, não dá para esquecer dos acompanhamentos. As papas fritas são famosíssimas! Basta fritar batatas asterix e estufá-las. Legumes também vão muito bem, como cebolas e pimentões.
O churrasco brasileiro é maravilhoso do jeito que ele é. Os argentinos são mestres assadores, e seu churrasco é renomado e reconhecido em todo o mundo. O do Brasil, principalmente o do Rio Grande do Sul, também é, o que significa que não existe churrasco certo ou errado.
Como pudemos ver, são procedimentos e cortes de carne diferentes. Não há por que comparar. É possível gostar dos dois e variar entre os dois. Não é à toa que há espalhadas pelo Brasil churrascarias específicas do churrasco argentino, assim como churrasco uruguaio, outro maravilhoso.
O segredo é escolher o tipo que mais lhe agrada e aproveitar. Coloque para gelar aquelas cervejas, prepare bons acompanhamentos a seu gosto e chame amigos e familiares para curtir esse momento de confraternização juntos.
O post Por que os argentinos dizem que o Brasil não sabe fazer churrasco – e qual a resposta brasileira apareceu primeiro em Jornal Cruzeiro do Sul.