O advogado e defensor da causa ambiental Rimet Jules (PT) foi eleito vereador na cidade de Anápolis. Com 2.649 votos e em sua terceira tentativa de chegar à Câmara anapolina, Rimet se coloca como o parlamentar mais jovem dessa legislatura, e o único assumidamente gay. “São vitórias, porque: um cara jovem, negro, migrante e assumidamente gay conseguir realizar e conquistar o que a gente conseguiu em uma cidade como Anápolis, é motivo para comemorar”, afirma esperançoso para o início do mandato.
Em entrevista ao Jornal Opção, o vereador eleito coloca dois projetos como centrais para seu primeiro ano como vereador: o IPTU Verde e o Orçamento Participativo.
O primeiro projeto visa criar algum nível de isenção no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para aqueles que adotarem práticas como plantio de árvores, separação dos resíduos e adequação das calçadas. “Usar nosso mandato para poder despertar nas pessoas da cidade a questão climática”, afirma ao colocar o caso de cidades que usaram a prática do plantio de árvores e que conseguiram reduzir sua temperatura.
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O Orçamento Participativo seria uma forma de “reservar um percentual mínimo do orçamento de Anápolis para que os próprios moradores possam debater e decidir onde investir parte desse orçamento”. Rimet propõe que os moradores decidam, através de assembleias ou conferências das associações dos bairros, onde e como aplicar parte do orçamento anapolino. Ambos os projetos demandam audiências públicas, levantamentos, discussões no parlamento e aprovação do executivo municipal.
Rimet Jules nasceu em Formosa, no interior de Goiás, mas foi criado no Tocantins, na cidade de Arraias. Aos 15 anos se mudou para Anápolis para estudar no IFG. Lá, ingressou na militância, participando da fundação do grêmio estudantil do Instituto. Foi conselheiro municipal de saúde, da juventude, foi presidente da Associação de Moradores do bairro em que morava, secretário de comunicação do PT estadual, depois foi secretário de juventude da sigla na cidade e por fim presidente do partido em Anápolis.
Se formou advogado na PUC-Goiás. Era bolsista e realizava o trajeto Anápolis-Goiânia todos os dias. Após sua graduação, abriu um escritório de advocacia em Anápolis que segue em atividade desde então, há seis anos, sendo reconhecido como um dos melhores do município. Foi membro da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Diversidade Sexual da OAB de Anápolis.
Se candidatou ao cargo de vereador em outras duas ocasiões. Em 2016, quando tinha apenas 20 anos, recebeu 388 votos. Em 2020, na sua segunda tentativa, obteve 1084 votos, se colocando como o primeiro suplente. Por fim, neste ano, se elegeu com 2.649 votos, ocupando a 11° posição entre os 23 eleitos. “Na nossa terceira tentativa, que foi agora, a gente conseguiu conquistar o mandato”, comemora. Por fim, ele conclui: “são vitórias importantes não apenas para mim, pessoalmente, mas para as pessoas que veem em mim uma representatividade, que veem em mim uma voz”.
Durante sua campanha, Rimet deu foco à atuação na militância e ao esforço pela causa ambiental. A causa LGBT não foi uma de suas principais bandeiras no período eleitoral. “Foi até uma questão de estratégia mesmo”, coloca ao dizer que “muitos eleitores que, inclusive, votaram na gente não tinham conhecimento, não sabiam disso [sua orientação sexual]”. A ideia do parlamentar eleito é não reduzir seu mandato apenas à causa LGBT, que é “apenas um aspecto da nossa identidade”.
Rimet destaca seu compromisso com a comunidade LGBT, mas garante que essa aproximação se dará de forma mais intensa após a vitória nas urnas. “Vamos nos posicionar de forma veemente [sobre as pautas ligadas à comunidade marginalizada], mas nossa atuação não vai se limitar a isso”, resumiu.
Além da postura e dos projetos já mencionados, Rimet demonstra disposição em participar da COP 30, que acontece no Pará. Além disso, o vereador eleito fala em mobilizar discussões em prol da criação de um fundo municipal para o combate à descriminação, intolerância e todas as formas de preconceito.
Para ele, o principal desafio que se coloca diante de seu mandato é a onda de extrema-direita potencializada pelo conservadorismo religioso que é dominante em Anápolis. Sendo um novo rosto da esquerda no município, ele se dá a tarefa de dialogar com diversos setores da sociedade e desmistificar os “estigmas que servem apenas para desvirtuar o debate e para criminalizar a esquerda”.
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