Mônica V. A. Benetti*
Quando nos embrenhamos pelos caminhos do autoconhecimento despertamos a nossa consciência, transpondo barreiras internas e nos conectamos ao mindset do crescimento. Os mitos, as lendas e os contos antigos tornam-se fórmulas e direcionamentos para esta autorreflexão humana, além de proporcionar uma compreensão do contexto social no qual estamos inseridos.
⭢ Como conscientizar as pessoas?
É a partir desta ampliação da nossa consciência que conseguimos alcançar patamares de compreensão da realidade, dissipando as névoas e apreendendo os cenários que a vida descortina, sejam internos, sociais e culturais. Recusamos fugir das sombras, aceitando-as, percebendo que estão presentes o tempo todo na existência histórica humana. Como se passado e presente ainda andassem de mãos dadas, pois mudar gera mais resistência, a permanência é mais cômoda, o apego torna-se promissor, já que promove a fácil conexão com as mentiras, as máscaras e aos personagens que vão se delineando por escolhas pessoais e coletivas. Romper estas barreiras é o maior desafio humano, pois significa se livrar das amarras da ilusão e do efêmero.
O arquétipo do monstro tirano pode ser encontrado nas mitologias, nas lendas, nas tradições folclóricas, nos pesadelos do mundo, nos traumas individuais e coletivos. Atualmente, quando conseguimos nos libertar dos invólucros obscuros mentais e emocionais, retiramos a venda interna, nos possibilitando identificá-los em alguns gestores, principalmente públicos. A realidade se apresenta tal como ela é: estrategicamente se personificam nas redes sociais e nas mídias como heróis, apresentam-se cheios de boas intenções, salvadores, moralistas, tradicionais e donos da verdade.
No pano de fundo deste teatro sutil e piegas, quando as máscaras caiem ao olhar mais profundo (dissipando as névoas do efêmero), vemos seres movidos por ódio, por raiva extrema e ganância exacerbada: “Ele é o acumulador do benefício geral, é o monstro ávido pelos vorazes direitos do “meu e para mim”. O ego inflado do tirano é uma maldição para ele mesmo e para o seu mundo” (Joseph Campbell). Ele se liga aos instintos mais primitivos, devorando humano, a esperança e a empatia, materializando-os na sua forma de governar, consequentemente eliminando árduas conquistas humanas e coletivas, colocando-as como inimigas a serem extirpadas.
Podemos ver estes arquétipos de monstros tiranos em ditos gestores públicos nos Estados de Minas Gerais, Paraná e de São Paulo, quando imbuídos por uma visão minimalista e fiéis aos seus egos destrutivos relegam a sociedade a um cenário de obscuridade e incertezas. Promovendo a desunião, a violência, a perseguição, o ódio e por fim vários outros males, direcionando a mesma para o mito da caverna de Platão: onde a cegueira coletiva permite a detenção das mentes inseridas nos jogos vorazes destes indivíduos, presos por sua psique torturada. Suas escolhas dizem por si mesmas: tentativa sistemática e obsessiva por retirar direitos sociais, privatizando escolas públicas, a saúde pública, promovendo uma perseguição implacável aos prestadores destes serviços para a população pagadora de impostos. Colocando-os como inimigos da sociedade, como sugadores que se beneficiam de salário altos.
Por trás destes discursos repetitivos, residem interesses inequívocos e unilaterais. Estas escolhas refletem o interior destes seres presos ao arquétipo do monstro tirano: ego inflado, ódio, vaidade extrema, instintos primitivos e incontroláveis além dos impulsos de aquisição. Tudo que tocam é para jogar por terra a evolução humana no que se refere a direitos para a maioria, só conseguem gerir para uma minoria de parceiros oportunistas, que como eles, estão entorpecidos pelas suas próprias efemeridades.
Somente conseguiremos construir um cenário coletivo mais humanizado, fraterno, empático, quando conhecermos realmente a nós mesmos, compreendendo as nossas sombras, os nossos complexos, os nossos apegos e ilusões, desta forma abriremos mão do para mim, somente para mim, libertando-nos da caverna mental obscura que nos inserimos por comodismo, pelo fácil e instintivo. Possibilitando-nos escolher representantes que reflitam a nossa interioridade elevada a um patamar mais consciente. O caminho é longo, mas é possível.
*Mônica V. A. Benetti é bacharel em História, especialista em Mitologia Criativa, Contos de Fadas e Psicologia Analítica e especialista em Psicologia da Educação.
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O post Um olhar profundo sobre os novos monstros tiranos apareceu primeiro em Pragmatismo Político.