O Corpo de Bombeiros de Goiás registrou 1.899 focos de incêndio florestal no estado entre janeiro e agosto deste ano. O número representa um aumento de mais de 50% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o estado, conforme os bombeiros, teve 1.223 focos de incêndio florestal. Já o painel do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) contabiliza nada menos que 2.685 focos de queimadas em Goiás ao longo de 2024, dados que colocam o estado como o 14º no país que mais registrou ocorrências desse tipo.
A sensação é de estar em um verdadeiro inferno. A maior parte das queimadas foi contabilizada justamente em agosto, mês conhecido pelo calor, secura e baixa umidade do ar. Segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás, (Cimehgo), a entrada em setembro não deve representar muitas mudanças nesse quadro.
De acordo com o instituto, a primeira semana de setembro será de calor, muito calor. A onda de calor no Brasil, alerta o Cimehgo, vai influenciar as temperaturas em Goiás “entre 2 e 5 graus acima do normal para o período, com duração média de 10 dias”. Quanto à umidade do ar, o nível extremamente baixo já coloca Goiás na classificação ‘Emergência’. Não há para onde correr, e a sensação é de estar no meio do inferno ardente.
Não só a qualidade do ar que se respira e da terra que se trabalha, as queimadas (a maioria absoluta deles, provocada) podem impactar também no ciclo pluvial. Conforme explicado pelo gerente do Cimehgo, André Amorim, os números da última década apontam para uma queda acentuada no volume de chuvas em períodos tradicionais para precipitações, e isso não é toa.
Amorim, em entrevista recente ao Jornal Opção, detalhou que ciclos com secas extremas e períodos de chuva em excesso foram sempre uma realidade. No entanto, são justamente as alterações climáticas que têm feito com que esses fenômenos ocorram com cada vez mais intensidade e com espaço menor de tempo. Em resumo: as alterações climáticas não criaram o caos, mas o aceleraram.
Estou certo, caro leitor, que ainda na pré-escola você já ouvia da boca dos professores sobre um tal “aquecimento global” ou “transformações climáticas”. Era um tema de livros de geografia e história, algo longínquo, quase inatingível. Pois bem, o que antes era tido como uma teoria que preocupava cientistas e pesquisadores, é agora uma realidade que pode ser sentida ao abrir a janela ou sair à rua.
E se não aprendemos a lidar com essas transformações pela consciência, agora aprendemos pela dor.
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