Além de nomes novos, com Melly e Sued Nunes, há o veterano Gabi Guedes. Bahia recebe R$ 1 milhão
Se, por um lado, o edital Natura Musical investe no reconhecimento de artistas já consagrados - como já aconteceu, por exemplo, com Mateus Aleluia e acontece neste ano, com Gabi Guedes -, por outro, o prêmio também tem os olhos atentos para as novas gerações de artistas, como mostra o resultado divulgado nesta segunda-feira (13).
Na Bahia, a cantora Melly, que tem um EP, mas ainda não tem um álbum gravado, foi uma das contempladas, aos 22 anos. Outra que ainda dá os primeiros passos na carreira, embora já tenha um disco lançado, é Sued Nunes, da mesma idade da colega.
"Este é o momento em que a gente alicerça com toda estrutura necessária a construção de um projeto. O sonho na ação é mais bonito, não basta apenas o mundo imaginário pra mim, artista preta, baiana do interior e de axé", festejou a cantora após o resultado.
Natural do Recôncavo Baiano, Sued Nunes lança em 2023 seu segundo disco, que transitará entre muitos ritmos como R&B, afropop, misturado a beats e elementos sintéticos, aliando o ancestral e o afrofuturismo. Melly tem influências do R&B, jazz, blues e soul. Mas há também presença de ritmos marcantes da Bahia, como samba-reggae, trap e pagodão.
Além das duas cantoras e do percussionista Gabi Guedes, foram premiados dois festivais - Frequências Preciosas e Festival da Diversidade - e a orquestra feminina DecoloniSate. Todos os seis projetos citados concorreram em um edital à parte, destinado exclusivamente à Bahia, que recebe um investimento total de R$ 1 milhão.
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pará também têm editais próprios, do mesmo valor. Esses três estados e a Bahia têm essa distinção porque os quatro têm centros de distribuição da Natura. "Por isso, é possível ter recursos incentivados, por meio da dedução de impostos (ICMS). Nós já atuamos há mais de dez anos nesses estados e criamos uma relação afetiva com as cenas locais", afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding da Natura. Há ainda uma categoria nacional, de R$ 2 milhões, em que artistas de qualquer estado - inclusive MG, BA, PA e RS - podem concorrer.
Uma das curadoras que representou a Bahia no processo de seleção foi Monique Lemos, que é antropóloga, pesquisadora e empresária.
"Os artistas e projetos selecionados contam as histórias dos corpos e dos sonhos de cada curador. Poder construir de forma coletiva e afetiva métricas diversas e proporcionais para as aprovações do edital tornou a experiência um grande aprendizado", diz a curadora.
Da Bahia, também aturam na curadoria os produtores musicais Chico Correa e Ubunto.
Diversidade
Embora não existam no edital cotas para promover objetivamente a diversidade, é notável que existe essa preocupação na seleção, como explica Fernanda Paiva: "Esse é um trabalho contínuo. A cada ano renovamos nossos critérios, categorias e processo de curadoria para deixar as nossas escolhas mais intencionais. Metade da cesta [de contemplados] é de projetos realizados por mulheres; 60% são de artistas negros, além de artistas LGBTQIA+, indígenas de diversas cenas".
Neste ano, foi incluída uma nova categoria: Música Brasileira na América Latina, que patrocina artistas que desejam expandir suas conexões com a cena cultural latino-americana. A premiada foi a cantora Brisa Flow, que fará uma turnê com passagens pelo México, Chile e Bolívia. "Ela é uma cantora ameríndia, pesquisadora e que mistura rap com elementos eletrônicos e de raízes originárias. É uma boa representação do tipo de diálogo que queremos fomentar", afirma Fernanda.
Veja quais são os projetos e artistas baianos do Natura Musical 2023
![]() |
DecoloniSate (foto: Gabriel Silva) |
DecoloniSate - Salvador, BA
A orquestra feminina DecoloniSate vai lançar seu primeiro álbum, resultado de mais de dez anos de criação musical e formação de percussionistas. O trabalho da Orquestra tem como fundamento os saberes musicais afro baianos e a sua relação com os movimentos feministas
![]() |
Paulilo Paredão (foto: divulgação) |
Festival da Diversidade: Paulilo Paredão - Salvador, BA
No período da primavera, Salvador e a região metropolitana terão mais uma edição do Festival da Diversidade: Paulilo Paredão, focando no acesso à cultura e dando visibilidade para artistas LGBTQIA+, pretos e periféricos.
![]() |
Integrantes do coletivo Frequências Preciosas (Foto: José de Holanda) |
Festival Frequências Preciosas - Salvador, BA
Primeira edição do Festival Frequências Preciosas com line up 100% composto por cantoras e bandas de mulheres negras e indígenas da Bahia. A Frequências Preciosas é uma plataforma de fomento da arte de cantoras negras e indígenas. A curadoria irá priorizar em sua curadoria artistas das regiões Nordeste e Norte do Brasil.
Gabi Guedes - Salvador, BA
Lançamento de Matriarcas, primeiro álbum do grupo Pradarrum, capitaneado pelo mestre e músico Gabi Guedes, referência na música percussiva baiana. Nascido no Alto do Gantois, cresceu ao lado da ialorixá Mãe Menininha e desde muito cedo se viu envolvido pelo toque e os sons dos tambores.
![]() |
Melly (foto: Florian Boccia) |
Melly - Salvador, BA
Com um EP lançado, ela se prepara para lançar, com apoio do Natura Musical, seu primeiro álbum. Além das influências do R&B, jazz, blues e soul, o seu trabalho bebe na fonte das células musicais do samba-reggae, trap, pagodão, do toque Ijexá e percussivo, característicos da Bahia.
Sued Nunes - Cachoeira, BA
Natural do Recôncavo Baiano, Sued Nunes lança em 2023 seu segundo disco, que transitará musicalmente entre muitos ritmos como R&B, afropop, misturado a beats e elementos sintéticos, aliando o ancestral e o afrofuturismo.