Apenas um nome é indicado oficialmente, mas se eleito esse deverá atuar a partir das três vozes. Membras consideram formato de fortalecimento
Já ouviu falar em mandato coletivo? Trata-se de uma configuração emergente na política, que reúne um grupo para legislar a partir de cadeira única. Na corrida deste ano por uma vaga na Câmara Municipal de Goiânia, a união entre três mulheres busca reunir forças entorno do que nomearam “MandatA Coletiva”.
De diferentes origens e formações, Alessandra Minadakis, Joana Porto e Nina Soldera explicam que a decisão por chamar o grupo de “Mandata Coletiva” se dá como reação, “um recurso de linguagem para subverter o machismo da língua portuguesa”.
A candidatura pelo PSOL, conforme explicam, terá apenas uma representante registrada na Justiça Eleitoral, mas todas deverão ter opinião ativa em peso igualitário para chegar em consensos na tomada de decisões que serão apreciadas em plenário, no gabinete e demais ambientes que compõem o cargo de vereadora.
Ao Jornal Opção, o grupo fala sobre quais devem ser as estratégias para comportar várias vozes entorno de um possível futuro mandato. Comentam as percepções relativas a representação feminina na política, contam quais serão os eixos de campanha e de futuros projetos, caso eleitas.
Além de amplo diálogo, para alcançar a possibilidade de um mandato realmente construído coletivamente o grupo deve firmar compromissos prévios. É o que explica Nina Soldera, considerando que é a partir das diretrizes que os mandatos coletivos veem uma forma de reiterar os compromissos internos.
“É interessante dizer que do ponto de vista da Justiça Eleitoral, a pessoa que cede o nome oficial à candidatura coletiva é quem responde e tem por dever cumprir com todas as determinações da justiça. Isso é uma das questões amplamente discutida no âmbito da escolha do nome oficial”, explica Nina.
A membra acrescenta que não existe um modelo único de documento para registrar as propostas, que tanto pode ser firmado em cartório, como não. “No caso da nossa MandatA Coletiva, esse momento de elencar definições e registrá-las em cartório não se fez necessária. Contudo a gente estuda a possibilidade e o formato do documento de maneira a garantir os princípios da construção coletiva e compartilhada”, salienta.
“Disputar as eleições como Mandata Coletiva é uma decisão que entendemos ser coerente e capaz de tornar possível no legislativo a ampliação de diferentes vozes na construção de uma cidade que todas as pessoas tenham acesso e possibilidade de discutir e participar da vida política de maneira ativa”.
A ser nomeada oficialmente para representar o grupo, Alessandra Minadakis diz que para uma construção verdadeiramente coletiva e compartilhada é necessário itens como respeito, horizontalidade e afetividade. “Na prática, muito debate, assembleias públicas, espaços para participação popular”, explica Alessandra Minadakis.
Já durante a pré-campanha o grupo exercita a construção coletiva pretendida, conta Minadakis: “Tivemos participações valorosíssimas, muitas propostas, aprendizado, um debate altamente qualificado”.
“Não existe nenhuma pessoa capaz de entender de tudo, ter proposta para tudo, militar em todas as áreas, e o que vemos em muitas campanhas eleitorais para o Legislativo é isso: se propõem a resolver o problema da educação, da saúde, da mobilidade urbana, da assistência social, da economia, da cultura”, afirma Alessandra Minadakis, acrescentando considerar importante que os eixos se relacionem com as bandeiras reais dos candidatos.
“Nosso primeiro eixo é o direito à cidade, a uma cidade para todes, como costumamos dizer, e não para uma minoria privilegiada. Somos ecossocialistas e temos o debate ambiental como uma de nossas prioridades”
“É necessário equidade no tange a política, para que possamos acessar de forma igual cargos, que por muitos anos foram ocupados por homens”, afirma Joana Porto, terceira integrante do grupo. Para a membra, a representação na Câmara de Goiânia se mostra pequena, relembrando que a atual legislatura conta com cinco mulheres entre as 35 vagas.
No eixo de pautas, o grupo defende propostas que giram como o debate ambiental, combate a opressões contra minorias, direito à mulheres e o acesso à cultura.
“Sobretudo, quando se trata de uma candidatura de mulheres, para mulheres, não é só uma acessando a Câmara mMunicipal, mas sim três. E cada uma de nós carrega consigo uma história e um grupo, o que possibilita o movimento, a comunicação entre poder legislativo e sociedade”, destaca Joana Porto.
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